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As ações da Embraer dispararam quase 23% nesta quinta (21) após a confirmação de que a empresa negocia fusão de negócios com a americana Boeing.
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As ações fecharam com alta de 22,5%, para R$ 20,20, e lideraram as altas do Ibovespa, o índice das ações mais negociadas da Bolsa, que subiu 2,40%, para 75.133 pontos.
A notícia envolvendo a combinação dos negócios com a Boeing foi divulgada mais cedo pelo jornal americano "The Wall Street Journal", que informou que a americana tinha interesse em adquirir o controle da empresa brasileira.
As ações, que subiam 0,6%, passaram a avançar 23,7%, e entraram em leilão antes de moderar a alta.
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No fim da tarde, a Embraer confirmou as negociações "em bases que ainda estão sendo discutidas" em fato relevante. "Não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões. Boeing e Embraer não pretendem fazer comentários adicionais sobre essas discussões", afirmou a fabricante de aviões.
A confirmação levou as ações à alta máxima de 39,48%, para R$ 23. Foram sete leilões ao todo envolvendo os papéis -o leilão é um mecanismo de proteção da Bolsa para conter volatilidade excessiva das ações.
Para analistas, a combinação dos negócios deve tornar as duas companhias mais competitivas perante a joint-venture formada em outubro por suas duas principais rivais, a europeia Airbus e a canadense Bombardier. Em outubro, a Airbus anunciou que compraria uma participação majoritária no programa de jatos CSeries da Bombardier, dando um poderoso impulso para a fabricante canadense de aeronaves e trens em sua custosa disputa comercial com a Boeing.
"Eu gosto muito da Embraer, é uma companhia brasileira que tem grandes diferenciais de produto. É referência mundial de tecnologia no que faz", afirma Adeodato Netto, estrategista da Eleven Financial.
"A gente via uma oportunidade tanto para ela quanto para a Boeing. É uma combinação muito mais forte entre Boeing e Embraer do que entre Bombardier e Airbus. Só me pergunto como funcionaria a questão regulatória. Porque entra OMC, vários órgãos para validar essa eventual operação", ressalta.
O fato de o governo brasileiro deter uma golden share -ação preferencial, que dá ao governo voz ativa em qualquer decisão estratégica da companhia- não deve ser um empecilho, na avaliação do especialista.
"Não deixa de ser um aval muito relevante ao Brasil e ao momento de virada do país. A gente conseguiu resgatar um pouco de credibilidade e de confiança nas instituições no que diz respeito aos contratos.
Não fosse isso, uma empresa na qual o governo brasileiro detém golden share sequer seria cogitada para uma operação como essa", ressalta.
Para Netto, o presidente Michel Temer deve rever sua posição contra a mudança de mãos do controle acionário na Embraer.
"Não adianta tentar avaliar a decisão do governo pelas primeiras palavras. Ainda temos uma relevância desproporcional de alguns agentes, por exemplo, sindicatos. Se o negócio andar, acredito que este governo costure uma solução que viabilize a transação", afirma. "Tem uma janela para transferência de tecnologia e seria positivo para nossa posição global e para a indústria nacional", ressalta. Com informações da Folhapress.