Vítima de racismo, funcionário público deixa de sair de casa

"Em um dia, perdi o caráter e o respeito que levei a vida inteira para construir", disse Marco Leandro dos Santos; caso aconteceu em Sorocaba (SP)

© Arquivo Pessoal

Brasil sorocaba 23/12/17 POR Notícias Ao Minuto

Um funcionário público alvo de comentários racistas de um segurança de uma unidade do hipermercado Carrefour em Sorocaba (SP) e, novembro afirma ter pedido afastamento do trabalho para fazer acompanhamento psicológico após o episódio.

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Marcos Antonio Leandro dos Santos, de 29 anos, caminhava em uma pista de caminhada que passa pelo estacionamento do estabelecimento, localizado na zona norte da cidade, por volta das 14h20 do dia 11 de novembro, quando foi abordado por um segurança da unidade à paisana. O funcionário teria erguido sua camiseta e o impediu de passar no local "porque podia ser confundido com um ladrão por ser negro e estar de calção e camiseta".

Na ocasião, a vítima chamou a Polícia Militar e o chefe de segurança do hipermercado para relatar o ocorrido. Segundo o boletim de ocorrência, ao ser questionado, o funcionário repetiu, na frente dos oficiais, que a cor da pele do funcionário público era o motivo da abordagem e que, por ele estar usando chinelo, camiseta e bermuda, os clientes poderiam ficar com medo.

"Foi um constrangimento. Algumas pessoas não entenderam o que tinha acontecido e saíram correndo, porque pensaram que eu tinha roubado alguma coisa. Outras estavam saindo com os carrinhos e voltaram para o supermercado", relembra Marcos, em entrevista ao G1.

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"É uma situação que você não espera e não quer passar. A gente se mostra forte, mas é atingido: eu chorei e ainda choro. Em um dia, perdi o caráter e o respeito que levei a vida inteira para construir. Tudo o que a minha mãe se esforçou para me dar foi jogado fora, mas o que dói mais é eles não terem se retratado", afirma.

Marcos conta que agora é atendido por dois psicólogos e que pediu afastamento do trabalho. "Não tenho mais liberdade nem vontade de sair de casa por vergonha. Você está sendo negado o tempo todo", diz.

Em nota, o Carrefour afirma que repudia veemente qualquer tipo de discriminação. A empresa alega ter afastado permanentemente o segurança terceirizado e diz que faz apuração interna sobre o caso.

O advogado de Marcos, Dojival Vieira dos Santos, afirma que depois que o episódio foi divulgado, o hipermercado procurou a vítima para marcar uma reunião e tentar fechar um acordo. Caso as partes não avancem no diálogo, a empresa responderá no âmbito administrativo e de responsabilidade civil do processo, sob pena de multa e indenização.

A polícia investiga a responsabilidade penal do segurança no caso. Se for condenado, o homem pode pegar até três anos de prisão.

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