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A jogadora Tifanny Abreu ganhou o noticiário esportivo brasileiro após ser contratada pelo Vôlei Bauru. Mas o destaque não foi por conta da sua contratação em si, e sim porque ela se tornou a primeira transexual a disputar a Superliga feminina de vôlei, principal competição profissional do país.
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Tifanny passou por duas cirurgias de mudança de sexo até ser liberada pela Comissão Nacional Médica (Conamev) da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV). Entretanto, o coordenador da entidade, João Granjeiro, acredita que ela não deveria jogar entre as mulheres.
“Ela nasceu homem e construiu seu corpo, músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. É só olhar para a atleta, alta e muito forte”, disse ele em entrevista ao jornal “O Globo”.
“Ela está liberada para jogar porque está dentro da regra. A regra existe e a obedecemos. Mas esse é um assunto que ainda se discute no meio esportivo. Não está esgotado. Atletas deveriam se manifestar também porque esse é o caminho, o do debate. Não é questão de ser homofóbico ou politicamente incorreto. É um assunto necessário”, acrescentou Granjeiro.
A regra a qual Granjeiro se refere vem de recomendações do Comitê Olímpico Internacional (COI), de documentos jurídicos, além de exames médicos que comprovam o nível de testosterona abaixo da média masculina.
Outro médico que contesta a liberação de Tifanny é João Olyntho, que integra o quadro da CBV.
“Se a testosterona estiver acima desse limite, ela terá de parar de jogar e o processo volta ao início. Terá de apresentar novos exames durante um ano dentro das recomendações do COI. Só depois será liberada novamente”, argumentou ele, dizendo que ela terá de passar por novos exames em breve.
Rogério Friedman, endocrinologista da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD), também comenta o caso em entrevista ao Globo.
Uma publicação partilhada por Tifanny Abreu (@tifannyabreu10) a 23 de Set, 2017 às 6:37 PDT
“Mas a questão não é a quantidade de testosterona no sangue, requisito em que a jogadora já se enquadra. E, sim, em quanto tempo o corpo vai demorar para se equiparar ao padrão do corpo feminino e como aferir isso. O tema ainda é objeto de estudo. Na história da humanidade, o homem tende a ser mais alto, por exemplo. Isso não é um fenômeno cultural”, diz.
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