3º dia de Fuvest tem matemática difícil e temas atuais em geografia

Prova de matemática foi, segundo os representantes de cursinhos, a mais complicada desta terça-feira (9)

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Brasil VESTIBULAR 10/01/18 POR Folhapress

O terceiro e último dia da 2ª fase da Fuvest foi marcado por uma prova de matemática difícil e questões bem trabalhadas, que exigiram capacidade de interpretação dos candidatos. Em um balanço geral da segunda fase deste ano, porém, professores de cursos preparatórios apontam a falta de interdisciplinaridade no segundo dia de provas como um ponto negativo, na contramão do que o vestibular vinha propondo nos últimos anos.

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A boa notícia em termos de proposta veio no primeiro dia, com a redação, que tratou dos limites de expressões artísticas. Se antes levantava discussões filosóficas, de caráter mais abstrato, desta vez o tema teve base em tema atual, com o gancho de recentes polêmicas.

Não foi, no entanto, uma proposta enviesada, segundo Fernando Rodrigues, professor de história no Cursinho da Poli. "A prova se aproxima do debate social, mas não com um enviesamento e sim com a cobrança de o candidato estar a par do que está acontecendo."

Célio Tasinafo, coordenador pedagógico da Oficina do Estudante, afirma que essa mudança foi "muito positiva". Ainda mais porque, conforme Tasinafo, a proposta foi muito bem feita, bem estruturada. "Dava margem para você ir por um caminho ou por outro", diz, negando haver imposição ideológica.

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EXATAS DERAM TRABALHO

As provas do terceiro dia eram customizadas por carreira, com três matérias para cada carreira e 12 questões discursivas, 4 de cada matéria.

A prova de matemática foi, segundo os representantes de cursinhos, a mais complicada desta terça-feira (9). "Caíram temas como função inversa, que não é algo usual no ensino médio", diz Daniel Perry, coordenador do Anglo Vestibulares.

"Para o candidato de direito complicou", diz Tasinafo, lembrando que os candidatos ao cursos de humanas tinham a matemática na prova.

Física também foi uma prova trabalhosa, com questões longas, cheias de itens e que exigiam boa capacidade interpretativa e redacional do candidato. "Deixou a prova cansativa", afirma Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador do Poliedro. "Não estava muito difícil, mas eram textos elaborados", diz.

A coordenadora do Objetivo, Vera Lucia da Costa Antunes, diz que disciplinas de química e biologia deram menos trabalho aos alunos. "Química foi uma prova longa, aberta, mas pediu o domínio de conceitos -menos difícil do que matemática e física", diz ela.

"Biologia trouxe questões claras e simples, bem elaboradas. O aluno não teve dificuldade." A curiosidade na prova de Biologia é que as questões mais difíceis da disciplina, sobre fisiologia animal e genética, não caíram na prova destinada aos candidatos de medicina (nos campi de Pinheiros, Ribeirão Preto e o estreante Bauru). "São temas importantes para os futuros médicos", diz Daniel Perry, do Anglo. As perguntas foram aplicadas para quem prestou biologia e outros cursos correlatos mais específicos.

GEOGRAFIA COM ATUALIDADES

A prova de geografia exigiu um aluno que estivesse acompanhando os temas do noticiário. Houve uma questão sobre a Coreia do Norte, com uma foto de satélite à noite que mostrava países do entorno como Japão e Coreia do Sul com alta luminosidade elétrica, enquanto o país socialista aparece "apagado", o que provocou o aluno a refletir sobre as formas de governo e economia.

Além da Coreia, foi tratado o impacto de grandes eventos esportivos em um grande cenário urbano, como os Jogos Olímpicos do Rio e suas relações estatais e empresariais.

A prova de história também teve contextos de debate popular, como a migração nordestina, com exigência de bagagem cultural -o candidato tinha que apontar livro e filme em que o tema permeasse a obra–, imperialismo e despotismo esclarecido.

A questão mais difícil, diz Fernando Rodrigues, foi porém sobre a distribuição indígena na América do século 15. O estudante deveria apontar diferenças políticas entre as principais civilizações pré-colombianas, como os astecas e maias mexicanos e os incas andinos. "Talvez sinalize uma preocupação da Fuvest com a história da América", diz Daniel Perry.

Na avaliação da segunda fase como um todo, Marcelo Dias, coordenador do cursinho Etapa, afirma que os três dias foram bastante distintos. O primeiro, que teve redação e português, ele diz ter sido uma prova "clássica", dentro do esperado para a Fuvest. O segundo fugiu da tendência de anos anteriores de uso da interdisciplinaridade, enquanto o terceiro teve um nível de dificuldade maior. "Uma prova de bastante qualidade, com questões elaboradas, bem feitas", conclui. Com informações da Folhapress.

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