© REUTERS/Tyrone Siu
O Exército de Myanmar admitiu nesta quarta-feira (10), pela primeira vez, ter matado membros da minoria muçulmana rohingya, alvo de perseguições no país asiático. No entanto, as Forças Armadas birmanesas definiram as vítimas como "terroristas bengaleses".
PUB
+ Furor por causa de 'bonecas trans' faz Ciudad del Este fechar lojas
O caso diz respeito a 10 rohingyas cujos corpos foram encontrados em uma fossa comum, neste mês. "O incidente ocorreu porque os residentes budistas haviam sido ameaçados e provocados pelos terroristas", diz um comunicado do chefe do Exército de Myanmar, Min Aung Hlaing.
Na visão do militar, a morte dos 10 rohingyas foi uma "represália" por ataques anteriores contra budistas, religião dominante no país. Desde o fim de agosto, mais de 650 mil integrantes da minoria muçulmana fugiram do estado birmanês de Rakhine para o vizinho Bangladesh.
Eles denunciam assassinatos, abusos sexuais e destruição de suas casas por parte das Forças Armadas de Myanmar. A ONU define a intervenção militar em Rakhine como um "manual de limpeza étnica", acusação sempre negada pelas autoridades locais.
A atual onda de violência começou em agosto passado, quando rebeldes do Exército de Salvação Rohingya de Arakan (Arsa, na sigla em inglês) atacaram delegacias em Rakhine. Os rohingyas são considerados "imigrantes" em Myanmar e não têm acesso a serviços básicos de saúde e educação.
Entre o fim de novembro e o começo de dezembro, o papa Francisco visitou os dois países e fez reiterados apelos em defesa do fim da crise humanitária, embora não tenha usado o termo "rohingya" para evitar conflitos diplomáticos com Myanmar. Com informações da Ansa.