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O presidente dos EUA, Donald Trump, estendeu nesta sexta-feira (12) o acordo nuclear firmado com o Irã em 2015, mas disse que seria a última vez, para dar uma chance aos aliados do país de corrigir "falhas terríveis".
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São signatários do acordo, além de EUA e Irã, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia.
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"Essa é uma última chance", afirmou Trump em comunicado. "Na ausência de um acordo como esse, os Estados Unidos não vão mais derrubar sanções para manter o acordo nuclear com o Irã. E se em algum momento eu julgar que um acordo assim não está ao alcance, vou me retirar do acordo imediatamente."
O acordo de 2015 levantou sanções impostas pelo Ocidente devido ao programa nuclear de Teerã. A cada três meses, o pacto precisa ser renovado pelos EUA. Esta é a terceira vez desde que assumiu a Presidência que Trump renova o acordo, apesar de o ter chamado de "pior acordo da história" durante sua campanha eleitoral e ter ameaçado reiteradas vezes romper o acordo.
Em outubro passado, Trump havia tirado a certificação da Casa Branca sobre o acordo, afirmando que Teerã não cumpre o combinado. Na ocasião, o presidente deixou nas mãos do Congresso a renovação do pacto.
Nesta sexta-feira (12), a Casa Branca também aprovou sanções -não relacionadas ao programa nuclear- contra o chefe do Judiciário iraniano, Sadeq Larijani, visto pelo governo Trump como principal culpado pela repressão do regime iraniano aos recentes protestos contra o governo no Irã.
A onda de manifestações foi a maior no país desde 2009, quando milhões foram às ruas protestar contra o resultado das eleições presidenciais. Desta vez, 22 pessoas morreram no país. Somente em Teerã foram detidos ao menos 450 manifestantes.
Os protestos começaram em um reduto conservador no nordeste do país, inicialmente motivados pelas agruras econômicas. O desemprego entre jovens ultrapassa os 40% em algumas regiões do país, segundo estimativas não oficiais. Mas, nas ruas, os manifestantes mais tarde incorporaram slogans políticos e passaram a pedir uma mudança de regime.
Na época, Trump se manifestou dizendo que o Irã tem fracassado em todos os níveis e que é "hora de mudança".
REUNIÃO NA EUROPA
Um dia antes de Trump anunciar sua decisão, ministros europeus se encontraram em Bruxelas com o chanceler iraniano, Mohammad Javad Zarif, para pressionar Teerã a interromper ações que estão desestabilizando a região -em especial o apoio iraniano aos rebeldes houthi na guerra civil do Iêmen, onde lutam contra o regime apoiado pela Arábia Saudita.
Apesar disso, a reunião foi vista em Washington, segundo o jornal "New York Times", como um sinal de unidade entre Europa e Irã. Foram divulgadas imagens de um sorridente Zarif entre os chanceleres dos principais países europeus.
"Não acredito que alguém tenha produzido uma alternativa melhor até agora", afirmou o ministro britânico de Relações Exteriores, Boris Johnson.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, afirmou que "o acordo [nuclear com o Irã] está funcionando -está atingindo seu principal objetivo, que é manter o programa nuclear iraniano sob controle e sob vigilância". Com informações da Folhapress.