© Flickr / PMDB Nacional
Filhos dos mandachuvas políticos do Rio Sérgio Cabral e Jorge Picciani, ambos presos, o deputado Marco Antônio Cabral, de 26 anos, e o ministro do Esporte e deputado licenciado, Leonardo Picciani, de 38, assumiram o controle do MDB fluminense com uma missão dupla: garantir o futuro de seus clãs, com a própria reeleição à Câmara, num cenário adverso daquele que os levou ao poder; e impedir uma debandada no partido.
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Marco Antônio é vice-presidente do diretório estadual e assumiu interinamente o MDB do Rio por causa da prisão de Jorge Picciani - presidente da sigla e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Leonardo o auxilia na tarefa. Ele organizou uma reunião no MDB fluminense na semana passada para traçar a estratégia do partido para 2018. O principal ponto é o que fazer diante da provável saída da legenda do ex-prefeito do Rio Eduardo Paes: lançar um nome próprio alternativo ou a aderir ao grupo político do ex-prefeito Cesar Maia, pré-candidato a governador pelo DEM.
Nesse sentido, foi tratado sobre outra variável: a pré-candidatura do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao Planalto. Esse fator poderia mudar os planos do pai dele, Cesar, de se eleger governador. Rodrigo Maia, que se articula para ser uma opção como candidato da base do presidente Michel Temer, poderia ter o apoio ainda que informal do MDB do Rio, caso o partido não tenha um nome próprio na sucessão presidencial. O histórico recente do diretório é de rachas como o de 2014, quando metade apoiou Dilma Rousseff (PT), e metade, Aécio Neves (PSDB).
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Independentemente deste cenário, mesmo deputados próximos ao grupo de Cabral e Picciani dão como certa uma evasão na bancada federal do Rio, com dez dos 60 parlamentares emedebistas - um deles o presidiário Celso Jacob. A bancada já havia perdido o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, condenado e cassado.
A avaliação é de que a sigla virou um fardo para os deputados em razão das prisões de Cabral e da cúpula da Alerj: Jorge Picciani e os deputados estaduais Edson Albertassi e Paulo Melo, respectivamente, tesoureiro e segundo vice-presidente do diretório fluminense. Somam-se ao quadro negativo a crise financeira do governo Luiz Fernando Pezão e a impopularidade de Temer.
Algumas saídas estão quase asseguradas, como a de Celso Pansera, ex-ministro da Ciência no governo Dilma, para o PDT; e a de Laura Carneiro, que deve ir para o DEM. Ambos foram suspensos pelo senador Romero Jucá (RR), presidente nacional do MDB, por votar contra Temer nas denúncias criminais. Agora, temem uma seca de recursos para suas campanhas.
Uma das estratégias para conter a debandada é assegurar aos candidatos recursos para a campanha eleitoral e convencer os correligionários de que o partido tem mais chances de eleger parlamentares. "O MDB tem dinheiro para fazer campanha e tempo de televisão. Os outros partidos estão um pouco inchados, com lideranças já consolidadas", disse Marco Antônio Cabral, que tentará renovar seu mandato. "Era muito mais fácil eu abrir um escritório e ficar tocando a minha vida. Mas decidi enfrentar essa questão toda e vir para a reeleição."
O único herdeiro de Cabral na política aposta no fato de ter sido secretário estadual de Esportes, o que lhe permitiu aproximação com prefeituras do Estado. Também destinou emendas parlamentares para vários municípios fluminenses. Para melhorar sua imagem, contratou uma consultoria em redes sociais, paga com verbas de gabinete. Semanalmente, o deputado publica vídeos e presta contas do mandato, ressaltando o dinheiro enviado para prefeituras.
Já Leonardo Picciani reviu, segundo aliados, sua estratégia eleitoral. Ele iria sair para o Senado mas deve tentar novamente a Câmara. Para tanto, mantém uma rotina de audiências com políticos em seu gabinete e voltou sua agenda para o Rio. Passou até a despachar de um escritório ministerial no Parque Olímpico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.