Altered Carbon: série da Netflix põe morte em xeque; veja o que achamos

Os 10 episódios de série cyberpunk foram antecipados ao Notícias ao Minuto

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Cultura Aposta 02/02/18 POR Raquel Lima


Nesta sexta-feira (02), nasceu um clássico cyberpunk. “Altered Carbon” cumpre todos os requisitos da checklist de um título do gênero: tecnologia avançada, humanidade recuada, marginalidade, estética entre filtros escuros e neons vibrantes. O que deve garantir o status cult à série original da Netflix - que estreia quando a maioria dos brasileiros está pensando em Iemanjá ou no carnaval - é o primor de Laeta Kalogridis.

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“Altered Carbon” é um projeto de Kalogridis, que tem currículo extenso como produtora executiva (“Avatar”, de 2009, é um exemplo) e roteirista (“Ilha do Medo”, de 2010 é outro). Foi dela, no início de 2016, a ideia de transpor o “mocinho” da trilogia literária de Richard K. Morgan para um produto audiovisual.

A crueza, a violência e o sexo engavetaram a adaptação até que a Netflix - que não tem pudores em transformar em streaming conteúdo para maiores de 18 anos - entrar na jogada. E com ela, Miguel Sapochnik - premiado diretor de episódios como “A Batalha dos Bastardos” e “Os Ventos do Inverno”, de “Game of Thrones”, que assume o piloto de “Altered Carbon”.

A dupla flerta com o melhor de “Matrix” e “Ghost In The Shell: Vigilante do Amanhã”, além de reverenciar “Blade Runner”. Como todo bom cyberpunk, “Altered Carbon” é existencial. E a roteirista e o diretor acertam na mão ao confrontar realidade e espiritualidade. A primeira frase da série é: “Seu corpo não é você” - com o perdão do spoiler.

O roteiro é ambientado em Bay City, uma cidade da Terra, 300 anos no futuro. Sim, humanos vivem fora do planeta, que não tem fronteira, a não ser as financeiras. Nesta sociedade em que o corpo é apenas uma capa que carrega a alma em um cartucho, convivem descendentes de russos, árabes, japoneses e virtuais que “encapam” Inteligência Artificial. Se o corpo é descartável, a língua é apenas um detalhe.

Politicamente, a babel que é Bay City é administrada pelo Protetorado e disputada por neocatólicos de movimentos que tentam “salvar a alma”, policiais, bandidos, trans-encapados (uma representação dos transgêneros), matusas (ricos que dominam tecnologias e leis) e emissários (rebeldes treinados por Quellcrist Fallconer, há 250 anos). Aliás, não há mais emissários.

Todos foram dizimados na Batalha de Stronghold. “Força mais formidável da galáxia”, Takeshi Kovacs, vivido pelo sueco Joel Kinnaman, é “ressuscitado” para solucionar o assassinato do mais poderoso matusa (o termo vem de Matusalém), Laurens Bancroft (James Purefoy). No caminho do ex-rebelde, a detetive Kristin Ortega (Martha Higareda).

Em 10 episódios de cerca de 50 minutos, há excelentes atuações, bem como coreografias de luta de Larnell Stovall (coordenador da ação de “Capitão América: Guerra Civil”). A fotografia de Neville Kidd (“Sherlock”) também merece destaque, assim como os efeitos práticos, que talvez justifiquem o orçamento de “Altered Carbon” - segundo rumores, cada episódio custou US$ 7 milhões.

Dentre militância religiosa, intolerância, perversão sexual e violência, o pano de fundo de toda a série é o “carbono alterado” do título, a promessa de liberação do eu da carne, a imortalidade. Mas a vida eterna em Bay City pode - ou não - ser um paraíso, como diz Quell a Kovacs: “Não presuma nada. Ou não vai ver o que realmente interessa”.

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