© REUTERS / Paulo Whitaker
A confirmação em segunda instância da condenação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção passiva e lavagem de dinheiro representa o mais duro golpe na trajetória de uma das figuras mais polarizadoras da história do Brasil.
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Amado e odiado com a mesma paixão, Lula nasceu em 27 de outubro de 1945, na cidade de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, mas, aos sete anos, se mudaria com a família para o litoral de São Paulo, onde vivia seu pai.
Aos 12, o adolescente Luiz Inácio conseguiu seu primeiro emprego, em uma tinturaria. Após o golpe militar, Lula começou a trabalhar em uma das principais metalúrgicas do país, onde entrou para o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, como suplente.
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Em 1975 foi eleito presidente do sindicato, representando cerca de 100 mil trabalhadores. Ele seria reeleito três anos mais tarde. Em 1980, Lula foi um dos líderes da greve geral no ABC paulista e acabou preso pela ditadura e processado com base na Lei de Segurança Nacional.
No mesmo ano, o sindicalista foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), que só seria reconhecido dois anos mais tarde, quando Lula ficou em terceiro lugar nas eleições para o governo de São Paulo, perdendo para Franco Montoro. Ele também participou, em 1984, da campanha das Diretas Já e, em 1986, foi eleito pela primeira vez e se tornou o deputado federal mais votado do país.
Lula também foi um dos deputados constituintes e, assim como o restante do PT, votou contra a atual Constituição Federal. Em 1989, se candidatou à Presidência pela primeira vez, mas perdeu no segundo turno para Fernando Collor (53% a 47%). Lula ainda perderia duas corridas ao Planalto, ambas para Fernando Henrique Cardoso (54% a 27% e 53% a 32%), antes de ser eleito presidente, em 2002, ao derrotar José Serra por 61% a 39%.
No comando do país, Lula liderou um período de forte crescimento econômico e de redução da pobreza, capitaneada pelo programa Bolsa Família, de 2003, mas também marcado por escândalos de corrupção, principalmente o mensalão, que derrubou toda a cúpula do PT.
No entanto, Lula conseguiu resistir às denúncias contra seu partido e, em 2006, foi reeleito com 61% dos votos, ao superar Geraldo Alckmin. Na ocasião, recebeu 58,3 milhões de votos, o maior apoio absoluto já recebido por um candidato à Presidência na história do país.
Outras marcas do governo Lula foram o impulso ao pré-sal, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Prouni, que o ajudaram a atingir quase 90% de popularidade. No âmbito internacional, o então presidente voltou as atenções do Brasil para países periféricos, principalmente na África, e se aproximou do Irã. Em 2010, conseguiu eleger Dilma Rousseff como sua sucessora.
Já fora do Planalto, Lula foi diagnosticado com câncer na laringe e foi submetido a um tratamento de quatro meses. Após a reeleição de Dilma, a Justiça Federal fecharia o cerco contra o ex-presidente, que hoje é réu em sete processos, incluindo o "caso triplex".
Seu objetivo é concorrer à Presidência em 2018 e voltar ao Planalto, o que suspenderia os processos contra ele até sua saída do poder. (ANSA)