© Filipe Araújo/Fotos Públicas
Em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, voltou a atacar os desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), após condenação de Lula a 12 anos de prisão, pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no último dia 24.
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"Nós entendemos que a sentença do TRF-4 é eminentemente política. Não há provas [contra Lula]. Evidências não podem condenar ninguém. Eles alegam que o apartamento do empreendimento da OAS estava reservado para Lula e que dona Marisa interferiu na reforma paga pela empreiteira, entre outros fatos. Não se concretizou a propriedade do imóvel para Lula, que seria o benefício que ele teria por ter dado benefícios para a construtora na Petrobras. Então como, que prova é essa? O fato só de ele ter ido [no apartamento], de ter tido uma opção de compra?". E completou: "Pela primeira vez o tribunal fez uma transmissão ao vivo de um julgamento. Para quê? Para ficar lendo relatório dizendo que tinham provas mesmo sem ter? Tentando convencer? Ou seja, tinha um direcionamento de convencimento da opinião pública. Juiz não tem que convencer o público. Tem que se pautar pela lei. Fizeram uma disputa política Está absolutamente errado. Eles são suspeitos de terem dado essa sentença. Eles combinaram o voto sim. E mais: combinaram por uma questão corporativa, de autodefesa, de não abrir nenhum flanco de ataque, entre aspas, ao Judiciário".
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Ela também disse acreditar que o Supremo Tribunal Federal (STF) vai resolver o problema. "O STF vai recolocar as coisas nos eixos. Nós avaliamos que o tribunal não permitirá essa violência. Esse processo dá margem a todos os recursos possíveis e imagináveis. Ele tem problemas de conteúdo, de uma condenação sem prova e sem crime, e problemas formais que podem gerar nulidade", avaliou. "Nós ainda temos recursos judiciais para apresentar tanto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto ao STF. Não acredito que a corte suprema vai deixar acontecer uma barbaridade dessas".
Gleisi ainda reforçou a candidatura de Lula à Presidência. "É importante dizer que a candidatura do Lula não se define no âmbito da Justiça criminal e sim da Justiça Eleitoral. E essa discussão se dará a partir de 15 de agosto [data em que os partidos têm que inscrever seus candidatos no TSE]. Até lá vamos trabalhar com o Lula pré-candidato. Já temos uma agenda de caravanas e seminários para debater plano de governo. Lula continuará conversando com o povo brasileiro. Já houve vários casos de candidatos com sentença que continuaram até o final [das campanhas], se elegeram e foram empossados", afirmou.
A senadora também destacou que o PT não trabalha com a possibilidade de o ex-presidente ser preso. "Nós não estamos trabalhando com a hipótese da prisão. Achamos que ela é a mais violenta possível. [Se ela ocorrer] Teremos um período de grande instabilidade das instituições. Como se justifica que você tem um líder popular da dimensão do Lula, que fez o que fez pelo Brasil, condenado injustamente e preso? Há reação sobre isso. E ela não é só da militância do PT. É uma reação nacional e internacional também".
Ao ser questionada sobre nomes de presidenciáveis que poderiam ser apoiados pelo PT, a exemplo de Ciro Gomes, do PDT, e de Manuela D'Ávila, do PCdoB, no caso de Lula não concorrer ao pleito, Gleisi disse acreditar que eles terão muitas dificuldades. "Eu tenho muito respeito por essas candidaturas, mas do ponto de vista de viabilidade eleitoral, para enfrentar o establishment, a gente acha que terão muitas dificuldades", destacou.
Ao comentar sua declaração, nos últimos dias, de que para prender Lula "vai ter que matar gente", a senadora disse se tratar de "uma força de expressão". "Eu fiquei abismada porque esse país aceita tantas verborragias de violência, como as do [Jair] Bolsonaro, as do juiz [Marcelo] Bretas, do Rio. O [reitor catarinense Luiz Carlos] Cancellier se suicidou. Não vi nenhum desses analistas de jornais que quase me trucidaram falar nada. É engraçado, né? A eles, tudo é permitido. A nós, nada. Então a gente não tem o direito nem de levantar a voz para protestar? Mas nós vamos levantar. E vamos fazer muito protesto", pontuou.