© Lucy Nicholson/Reuters
SS) - Um grupo de moradores da região de Cajazeiras, em Fortaleza, fez um protesto na noite desta segunda-feira (27) por conta da chacina que deixou 14 pessoas mortas e outras 16 feridas, no último sábado (27), no bairro.
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A manifestação reuniu em torno de 40 pessoas, que fecharam os dois sentidos da BR-116 queimando pneus. Isso complicou, por cerca de uma hora, o trânsito em um dos principais acesso ao interior e ao litoral leste do Ceará.
O Forro do Gago, onde ocorreram os assassinatos no final de semana, fica próximo do acesso da rodovia ao bairro de Cajazeiras.
Também nesta segunda, sete pessoas foram presas em um cemitério em Pacatuba, na região metropolitana de Fortaleza.
Os suspeitos estavam com armas e munições durante o enterro de uma mulher. A polícia, no entanto, não confirmou se os suspeitos ou a mulher que era enterrada têm relação com a chacina.
CHACINA
O ataque da madrugada do último sábado corresponde à maior chacina já registrada no Estado do Ceará.
Os criminosos chegaram a uma casa de shows em três carros, fortemente armados, e entraram atirando no clube onde era realizado o baile. Entre as vítimas estão oito mulheres e seis homens.
O ataque teria relação com uma guerra entre facções criminosas no Estado, que disputam espaços de tráfico de droga. Os atiradores seriam membros da GDE (Guardiões do Estado), e os alvos seriam do CV (Comando Vermelho). Um suspeito foi preso e um fuzil apreendido no mesmo dia.
Nesta segunda, um novo embate entre membros das duas facções terminou com dez mortos e oito feridos na Cadeia Pública de Itapajé, a 125 km de Fortaleza. De acordo com a delegacia da cidade, um grupo invadiu a área do outro, por volta das 8h30 (horário local). Ao menos três detentos estão em estado grave.
A Secretaria da Justiça e Cidadania do Ceará afirmou no início da noite desta segunda que 44 detentos da Cadeia Pública de Itapajé foram transferidos a unidades da região metropolitana de Fortaleza. Outros seis presos foram indiciados sob suspeita de homicídio qualificado.
VIOLÊNCIA
O Ceará está entre os Estados que apresentam os piores índices de violência do Brasil.
No relatório Atlas da Violência 2017, divulgado em junho do ano passado, aparece com a terceira mais alta taxa de homicídios: 46,75 por 100 mil habitantes. Apenas Sergipe (58,09) e Alagoas (52,33) têm índices piores. A melhor taxa é a de São Paulo (12,22).
Entre as capitais, Fortaleza tem a segunda maior taxa de homicídios, com 66,72, perdendo somente para São Luis (MA), com 70,58.
Elaborado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estudo analisou dados do SIM (Sistema de Informação sobre Mortalidade), do Ministério da Saúde, até 2015.
Naquele ano houve no Brasil 59.080 homicídios, o que equivale a uma taxa de 28,9 por 100 mil habitantes.
Divulgado em outubro de 2017, o IHA (Índice de Homicídios na Adolescência) aponta o Ceará como o Estado em que mais adolescentes são assassinados (8,71 a cada 100 mil). A métrica foi elaborada pelo Unicef, o Observatório de Favelas e a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, do governo federal.
Fortaleza lidera o ranking entre as capitais, com 10,74, ante 2,2 na cidade de São Paulo. A medição é feita com dados de 2014, os últimos disponíveis, e considera apenas as 300 cidades do país com mais de 100 mil habitantes. Com informações da Folhapress.