© Nacho Doce / Reuters
Roraima vem recebendo um fluxo de migrantes venezuelanos há cerca de três anos, fato que fez com que o estado tenha pedido, nesta semana, que o governo federal construa um campo de refugiados e amplie o auxílio a essa população.Em relato ao portal Tab, do UOL, o voluntário André Naddeo descreveu um cenário de caos em Boa Vista.
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"Há quase dois anos como voluntário e jornalista, trabalhando em crises humanitárias principalmente na Grécia e na Itália, vi de perto o desespero de sírios e afegãos fugindo de guerras e traumas dos mais diversos. Convivi com africanos que trabalharam como escravos na Líbia antes de escaparem para a Europa. Mas nunca havia visto um povo com tamanho grau de desnutrição e em condições de vida tão insalubres como os venezuelanos, que representaram 17 mil das 33 mil solicitações de refúgio que chegaram ao Conare (Comitê Nacional para Refugiados) em 2017 – um aumento de 228% em relação ao ano anterior", diz trecho do texto.
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"Vi crianças sujas, magras, comendo um prato de arroz como se fosse um banquete. Vi também em duas ocasiões a Defesa Civil armazenar pedaços de ossos de boi no único freezer da cozinha para os venezuelanos comerem. Sim, situação é caótica, tanto que a governadora Suely Campos (PP) decretou em dezembro de 2017 estado de emergência social. Mas a ideia de que pedaços de ossos poderiam ser entregues para os venezuelanos puxarem o resto de carne “e juntar no arroz” foi o suficiente para escutar "não somos perros (cachorros)" de muitos imigrantes", conta ele
Como resposta, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil alegou que as refeições também eram obtidas por meio de doações, acrescentando ainda que "as quais são recepcionadas pela coordenação do abrigo e manipuladas pela equipe de cozinha que mantém a inspeção necessária e o aproveitamento do que é próprio para o consumo humano". Por fim, o órgão alega que a culinária venezuelana contém pratos com partes de ossos bovinos.