© Jefferson Rudy/Agência Senado
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou, nessa quarta-feira (14), na Justiça Federal do Distrito Federal, ação popular pedindo que o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Fernando Segovia, seja afastado do cargo em função das suas atitudes e recentes declarações sobre o inquérito contra o presidente Michel Temer, que aponta indícios de favorecimento ilícito à empresa portuária Rodrimar, no Decreto nº 9.048, de 10 de maio de 2017, que prorrogava contratos de concessão e arrendamento portuários.
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Fernando Segovia, que assumiu o posto em novembro do ano passado, declarou que a empresa não teria se beneficiado diretamente, porque o decreto não teria alcançado seu contrato. O “objeto em tese da corrupção não foi atingido” e “então ficou muito difícil de ter uma linha de investigação numa corrupção que em tese não ocorreu”, disse o diretor-geral da PF, em entrevista à Reuters.
Sustentou também, adiantando-se às conclusões da equipe que preside o inquérito, que outros depoimentos colhidos na instrução do processo também não conseguiram comprovar o cometimento de crime pelos investigados. Além disso, Segovia chegou, de acordo com Randolfe, a intimidar o delegado Cleyber Malta Lopes, encarregado do inquérito em questão.
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Para o senador, as declarações de Segovia sobre a ausência de provas contra o presidente Michel Temer (MDB) são típicas de um advogado de defesa. “Ao antecipar juízo valorativo sobre investigação que sequer foi finalizada, comportando-se como verdadeiro ‘advogado de defesa’ do presidente da República, chegando ao despropósito de tentar intimidar o delegado que preside o inquérito em desfavor daquela alta autoridade, ameaçando-o de punição, o diretor-geral inverte por completo o que dele institucionalmente se espera: blinda um investigado ilustre de suas responsabilidades e assedia um membro da instituição que tem por dever representar e zelar pelas funções”, afirma Randolfe.
O pedido de afastamento também argumenta que as declarações do diretor da PF colocam em suspeição o trabalho da Polícia Federal como um todo. “Se foi essa, aliás, a intenção do presidente da República, ao patrocinar a designação do Fernando Segovia ao cargo, a sua manutenção em tal posição é evidentemente nula, por manifesto desvio de finalidade”, diz a petição.