Governo teve R$ 90 bi em receitas atípicas nas contas de 2017

A estimativa mostra que se tratou da maior contribuição de verba não recorrente ao Orçamento desde 1997 e representou 1,4% do PIB

© Reuters

Economia Rombo 19/02/18 POR Folhapress

O governo contou com R$ 90,5 bilhões em receitas extraordinárias no ano passado e, dessa forma, conseguiu reduzir o rombo fiscal. A estimativa, feita pelo IFI (Instituição Fiscal Independente), vinculado ao Senado, mostra que se tratou da maior contribuição de verba não recorrente ao Orçamento desde 1997 e representou 1,4% do PIB.

PUB

O número é superior ao de 2010, quando o governo contou com volumosos recursos da Petrobras, capitalizada com recursos da cessão onerosa, para alavancar receitas. Naquele ano, as receitas não recorrentes somaram 1,3% do PIB.

Sem essas receitas, o deficit do setor público (que inclui governo federal, estatais, Estados e municípios) teria sido maior e alcançaria 3,1% do PIB. O rombo orçamentário, entretanto, ficou em 1,7% do PIB ou R$ 110 bilhões.

O Refis, programa de refinanciamento de dívidas com o fisco, foi a principal fonte de receitas atípicas em 2017 e contribuiu com R$ 38,5 bilhões para as contas do governo, aponta a IFI.

Ao aderir ao Refis, as empresas tinham que desembolsar uma entrada do valor devido, que poderia ser de 20% para dívidas acima de R$ 20 milhões. Para as dívidas menores que este valor, o sinal era de 5%. Além do Refis do ano passado, o governo recolheu tributos referentes aos programas de refinanciamento de 2009, 2013 e 2014, além do chamado Refis das autarquias (dívidas com agências reguladoras, por exemplo) e o voltado a Estados e municípios, com o objetivo de regularizar a situação dos governos locais com a Previdência.

A segunda principal contribuição veio das concessões e outorgas, que somaram R$ 32,1 bilhões, segundo o IFI. Nesta conta, entraram as receitas obtidas com a privatização das hidrelétricas da Cemig e de campos de exploração de petróleo no pré-sal.

Segundo Gabriel Leal de Barros, diretor da IFI, o aumento da tributação de PIS/Cofins sobre combustíveis, recurso usado pelo governo para ampliar receitas no segundo semestre do ano passado, recolheu mais R$ 6,2 bilhões aos cofres do governo de maneira extraordinária.

+ Emprego na indústria cai 0,04% em janeiro ante dezembro, diz Fiesp

Sua projeção é que o governo pode voltar a arrecadar volumosos recursos atípicos em 2018. O Refis deverá contribuir com mais R$ 24 bilhões e outros R$ 20 bilhões com concessões. O cenário mais provável, traçado pela IFI, é que o governo poderia recolher R$ 72,7 bilhões em verbas não recorrentes neste ano.

Em um cenário otimista, em que sairiam a privatização da Eletrobras (R$ 12,2 bilhões) e o leilão de áreas hoje sob cessão onerosa da Petrobras, o governo poderia recolher mais R$ 40 bilhões, o que alçaria a verba extraordinária a R$ 112,7 bilhões. Este, no entanto, não é o cenário mais provável.

A IFI não vê riscos para o cumprimento das metas fiscais neste ano. Em 2019, de acordo com Felipe Salto, diretor-executivo da IFI, há risco de o teto de gastos -que limita o crescimento das despesas à inflação- não ser cumprido. Isso porque a margem de despesas passíveis de compressão se restringiria a cerca de R$ 20 bilhões, margem incapaz de cobrir despesas crescentes com salários do funcionalismo e com a Previdência.

Para tanto, frisou Salto, é preciso alterar regras sobre gastos obrigatórios. O pagamento de servidores, a Previdência e programas de transferência consomem 76% do Orçamento, frisou ele. Sem atuar sobre esses gastos, sobra pouco espaço de atuação ao governo.

Os reajustes dos servidores em 2017, sancionados pelo presidente Michel Temer em 2016, logo após assumir a Presidência, fizeram com que os gastos com folha do governo federal crescessem mais do que as despesas com a Previdência. Pelos cálculos da IFI, os gastos com pessoal aumentaram 6,5% -mais R$ 18 bilhões em despesas. Já com a Previdência, o crescimento foi de 6,1% (outros R$ 32 bilhões a mais em gastos).

Esse aumento foi compensado por cortes em despesas com investimentos, como o PAC (-26,6%) e com subsídios com os empregados no programa de moradia popular Minha Casa, Minha Vida (-56%).

Na divulgação do relatório mensal, nesta segunda-feira (19), em Brasília, os técnicos da IFI também mostraram que o governo apresentou estimativas infladas de despesas no fim do ano passado. Como consequência, gastos ficaram limitados e as contas fecharam com um retrato menos negativo do que o esperado -o deficit do governo federal ficou R$ 30 bilhões abaixo do previsto.

Segundo levantamento da IFI, até novembro, as despesas de alguns órgãos já indicam que as despesas seriam bem menores do que projetava o governo, o que permitiria o aumento de despesas que estavam comprimidas. Com informações da Folhapress.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 15 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 15 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 8 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 15 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Condenados Há 23 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

fama Realeza britânica Há 8 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

fama Emergência Médica Há 16 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 16 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Hollywood Há 11 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio

brasil Tragédia Há 15 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos