© Ueslei Marcelino / Reuters
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Minas Gerais, nesta terça-feira (21), para cumprir agenda e lançar sua pré-candidatura à Presidência da República, em evento realizado no Expominas, em Belo Horizonte, durante a noite.
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Em entrevista à rádio Itatiaia, ele se posicionou de forma contrária à intervenção federal no Rio de Janeiro, decretada pelo presidente Michel Temer, na última sexta-feira (16). "Eu temo que essa intervenção no Rio seja uma coisa de pirotecnia, seja uma coisa pura e simplesmente de interesse politico", considerou.
Ele disse acreditar que a retirada da reforma da Previdência da pauta foi uma estratégia do governo. "O Temer sabe que o que tirou a reforma da Previdência da pauta não foi ele nem foi a intervenção, foi a pesquisa do Datafolha que mostrou que os deputados não iam votar o texto. O que o governo pensou? 'Vamos criar outro espetáculo'. E decidiram pela intervenção, tentando dizer a sociedade: 'agora nós vamos acabar com todos os problemas'. E não vai acabar. O Exército ficou quase um ano na favela da Maré e quando saiu os problemas voltaram", destacou.
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Ao analisar a situação no estado fluminense, Lula defendeu um plano pensado. "Obviamente que ninguém pode ser contra uma tomada de posição emergencial para tentar conter a violência no Rio. Mas é preciso que a coisa não seja feita de forma estabanada, pensando apenas em política", disse. "Se o Estado não está presente com políticas públicas nas áreas mais pobres, a violência aparece. O Exército não é preparado para enfrentar o narcotráfico, os bandidos da favela. O que pode acontecer é que depois do espetáculo o resultado seja negativo", alertou.
Segundo o petista, a medida trata-se de uma tática de Temer para concorrer às eleições de outubro. "Eu acho que o Temer está encontrando um jeito de ser candidato à Presidência da República, e acho que ele pensou que a segurança pública pode ser uma coisa muito importante para ele pegar o nicho de eleitores do Bolsonaro", avaliou. "Eu acho que o Temer está fazendo uma aposta: tirou da pauta uma coisa que a sociedade era contra, a Previdência, e colocou nela uma das grandes preocupações da população, que é o combate à violência", completou.
Ao ser questionado sobre os rumos do seu processo na Justiça, Lula disse estar tranquilo. "Tudo que eu quero é que essa gente analise os autos dos processos, analisem as testemunhas de acusação e de defesa, e me declarem inocente. Vou dedicar minha vida inteira, a partir de agora, a provar o equívoco que eles estão cometendo. Na verdade estou sendo vítima de uma perseguição jurídica institucional. Se existe uma unanimidade hoje no Brasil, é que a elite brasileira não quer que eu seja candidato. O restante tudo é possível. E por isso eles querem me colocar na ilegalidade. Por isso quero provar minha inocência, é uma questão de honra. Eu não posso dizer que você cometeu um erro e não provar o erro que você cometeu, senão eu estar sendo um canalha ao te condenar sem provas", criticou.
Já sobre as possibilidades de alianças políticas, Lula não descartou unir forças até mesmo ao MDB de Michel Temer. "Não existe essa de MDB nunca mais. O MDB não é o mesmo partido em todo o país, o MDB não é um partido nacional, é uma federal de grupos regionais. Então esse negício de dizer que não vai fazer aliança não existe", destacou o petista.
O ex-presidente também voltou a criticar o atual governo. "Qual o problema de um governo? O governo ele não precisa fazer tudo, ele não tem dinheiro para fazer tudo. Mas quando ele tem credibilidade, ele fala com a sociedade, a sociedade vai ganhando confiança e ele vai tendo tempo de construir. Hoje, o governo não tem essa credibilidade. Não há nenhuma instituição com credibilidade, hoje, no país", afirmou.