© Rede Globo
"O teatro está morrendo", alertou Antonio Fagundes. Em cartaz com o espetáculo "Baixa Terapia", em São Paulo, com ingressos que custam R$ 100, o ator de 68 anos defende que um dos algozes das artes cênicas é a política de incentivo cultural no Brasil por tirar o foco do que, na opinião dele, mais importa: "a bilheteria".
PUB
+ Festival de Teatro de Curitiba terá 400 atrações
Em entrevista à coluna Mônica Bergamo, neste domingo (25), Fagundes é categórico: "Se você abrir os guias de teatro, vai ver que só 10% têm mais de cem lugares. Essas 'salinhas', com a ausência de patrocínio, podem fechar todas. Acabar. Então, essa turma aí que tá reclamando, [dizendo] 'Como que eu faço, eu que tô começando?', que vai pra essas salinhas… Se fodeu".
O ator reconhece ainda que o "Estado tem a obrigação de cuidar da cultura", mas discorda que a lei de incentivo seja a melhor forma. "Talvez, se a gente não deixasse os teatros das periferias sucateados, equipasse boas salas e oferecesse aluguel barato, divulgação em massa… Talvez a gente não precisasse gastar tanto e o resultado fosse melhor", listou.
Na opinião do ator, os realizadores que dependem do governo e de empresas "não aprenderam nada", além de captar. Segundo ele, a chave é ouvir o público. "Não aprendeu que não pode cobrar R$ 5 pelo ingresso. Custa caro [fazer um espetáculo]!".
Segundo a coluna, mais de 90 mil pessoas já viram "Baixa Terapia" desde março de 2017, com sessões lotadas - "sem parceria com estado ou com empresas", nas palavras de Fagundes. A comédia aborda o encontro de três casais em uma sessão de análise, sem a psicóloga.