© Diogo Moreira/A2img
O Tribunal de Justiça Militar condenou na noite dessa terça-feira (27) o ex-coronel da Polícia Militar de São Paulo José Afonso Adriano Filho a 15 anos, seis meses e 20 dias de prisão em regime fechado pelo desvio dos cofres públicos. Ele pode recorrer da decisão, mas continua preso.
PUB
Neste processo, o ex-oficial é acusado de fraudar 270 licitações envolvendo a empresa Construword entre os anos de 2005 e 2012. Ele foi condenado por unanimidade. Já o capitão Dilermando César Silva, também julgado pelo Tribunal de Justiça Militar, foi absolvido por 4 votos a 1.
Ex-chefe do setor de licitações do comando-geral da PM, Adriano Filho responde a outros 21 processos, todos desdobramentos de uma série de reportagens publicadas pela Folha em 2015. Ao todo, o esquema comandado por ele teria desviado mais de R$ 200 milhões.
Adriano Filho foi preso em março do ano passado e, para tentar negociar delação premiada, em maio de 2017, ele escreveu uma carta ao Ministério Público citando outros 18 oficiais da PM que saberiam do esquema.
Em entrevista em 2015, ele já tinha admitido parte das irregularidades, mas afirmou ter feito tudo com conhecimento dos superiores e para o benefício da própria corporação. Usava o dinheiro de licitações fraudadas para comprar produtos para a própria PM, incluindo serviços para o setor de comunicação da PM.
+ Acusado de ser mentor de estupro coletivo no PI é condenado a 100 anos
"Não fiz nada sem ordem. Todas as melhorias executadas, não só no Quartel do Comando-Geral como em outras unidades, tinham ciência e autorização dos superiores", afirmou o ex-oficial na ocasião sem mencionar nomes.
O esquema de desvio de dinheiro, segundo denúncia da Promotoria, teria ocorrido entre 2005 e 2012, por meio de fraudes a licitações, além da contratação de empresas por meio de dispensas, convites ou interferências nos resultados de pregões.
As fraudes ocorreram entre os governos de Geraldo Alckmin (2003-2006), Claudio Lembo (2006-2007), José Serra (2007-2010) e Alberto Goldman (2010-2011), passando pelos comandos da PM dos coronéis Elizeu Eclair Teixeira Borges, Roberto Diniz e Álvaro Camilo, hoje deputado estadual pelo PSD.
Adriano Filho foi para reserva em 2012, quando passou a ser investigado pela corporação por irregularidades nas licitações. Ele foi expulso da PM em agosto do ano passado e demitido pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) no início deste mês. Sem a demissão, ainda existia a possibilidade de que ele retornasse à corporação.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado de Adriano Filho para comentar a sentença. Com informações da Folhapress.