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A exposição é composta exclusivamente por obras de artistas indígenas de várias tribos amazônicas. Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia e Equador estão representados entre os 54 artistas, autores de 120 peças que compõe a ¡Mira!.
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Verdadeiras histórias são contadas em apenas uma tela, como é o caso da obra do peruano Santiago Yahuarcani López. Seu quadro conta como indígenas de várias tribos eram escravizados e dizimados durante a extração de borracha, no início do século 20. O quadro de López, assim como outros, carrega uma história tão profunda que é acompanhado por um texto, traduzindo o que já é possível perceber nas tintas.
Obra do peruano Santiago Yahuarcani López revela a dor da escravidão indígena em seu paísFabio Poezzebom/Agência Brasil
Outras obras são marcadas pela mistura de temas e estéticas, como no caso do quadro Protección, do também peruano Ruysen Flores Venancino. Sua pintura, dominada por tons de azul, mostra um híbrido de onça e homem em um plano divino, rico em detalhes. A obra sempre revela algo novo, a cada olhada do espectador, e por isso merece ser vista várias vezes na mesma visita.
“O objetivo é mostrar um pouco do pensamento deles, de seus conhecimentos. Embora jovens, os artistas têm conhecimento profundo de suas culturas ao mesmo tempo em que estão com o pé no mundo, em contato com a arte contemporânea e expondo em galerias, viajando”, disse Maria Inês de Almeida, curadora da exposição. A ¡Mira! foi idealizada pelo Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), dirigido por Maria Inês.
À Agência Brasil, ela explicou que contou com o apoio de embaixadas brasileiras em países sul-americanos, curadores, galerias de arte e universidades. Em seguida, fez contato com esses artistas em seus países, em suas aldeias. Ela revelou ainda que uma exposição como essa, exclusiva de indígenas e com tantas etnias distintas, é inédita na América do Sul.
A diretora do Centro Cultural da UFMG também explicou a importância do resgate histórico de uma mostra como a ¡Mira!, sobretudo para as novas gerações. “Além de contribuir para a valorização das obras dos artistas indígenas no mercado da arte, a gente quer contribuir para que, principalmente os jovens, tenham mais informação não só sobre os povos indígenas da América do Sul, como também sobre os biomas onde vivem. Essa exposição resulta em um material didático privilegiado”.
Quadro Proteción do peruano Ruysen Flores VenancinoFabio Poezzebom/Agência Brasil
De Brasília, a exposição segue para São Paulo; Medellín, na Colômbia; e Lima, no Peru. Em 2015, há previsão das obras serem expostas em Madrid, na Espanha. Em Brasília, a ¡Mira! pode ser visitada gratuitamente de terça-feira a domingo. De terça à quinta-feira, entre 10h e 19h, e nos fins de semana das 12h às 18h.