'Que se faça intervenção onde é preciso: no aparelho policial', diz FHC

Ex-presidente ainda avaliou que o "espetáculo que foi montado pode até acalmar, em certos momentos, a ansiedade da população, mas a ação tem de ser continuada"

© Nacho Doce

Política Entrevista 02/03/18 POR Notícias Ao Minuto

Em entrevista à rádio CBN, nesta sexta-feira (2), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as medidas adotadas na segurança pública precisam ser "de longo prazo, continuadas, de planejamento e de inteligência" para, de fato, surtirem efeito.

PUB

Ao se referir à intervenção no Rio, ele fez questão de dizer que trata-se de uma decisão "mais profunda". "É importante dizer que já existia em operação, no Rio, aquilo que se chama de medida para garantir a lei e a ordem, a GLO. Agora houve um outro ato, esse outro ato é a intervenção. Essa intervenção não supõe a mesma coisa que a GLO, a GLO é situação de emergência, a Constituição autoriza, se for pedido, e o presidente autoriza as Forças Armadas a agirem e garantirem a lei e a ordem. A intervenção é algo diferente e mais profundo, paralisa as decisões no Congresso e permite que o governo federal interfira no curso da administração do Estado. Podia até mesmo ter afastado o governador", explicou.

Para ele, o melhor caminho, no momento, é reestruturar a segurança no Estado. "Isso implicará alguns comandos das polícias Civil e Militar, porque a função rotineira de combate ao narcotráfico é da polícia, claro que há um grande reforço das tropas federais, mas a modificação da situação prevalecente no Estado é fundamental. E ao que se diz há uma questão de corrupção também, o narcotráfico parece que tem acesso a algumas áreas da polícia, há vazamentos de informações. Ora, isso tudo vai ter que ser mexido, e isso vai levar tempo. Isso não se resolve do dia para a noite", avaliou.

+ Ministro da Defesa não será militar e terá nome anunciado em 15 dias

+ Adversários veem Lula isolado e acenando a MDB

Ele fez questão de destacar a importância de manter as ações. "O espetáculo que foi montado pode até acalmar, em certos momentos, a ansiedade da população, mas a ação tem de ser uma ação de longo prazo, continuada, de planejamento e de inteligência. Quem é o ladrão, para onde vai o dinheiro, quem é a 'mula', quem está por trás de tudo isso, se é que tem alguém? Isso leva tempo", salientou. Que se faça uma intervenção onde tem de ser feito: no aparelho policial repressivo do cotidiano".

O ex-presidente, no entanto, voltou a criticar o uso abusivo das Forças Armadas. "É preciso evitar essa utilização abusiva das Forças Armadas. Em benefício de quem? Das próprias Forças Armadas, e para evitar que a população pense que com isso se resolve tudo, que não se resolve", afirmou. "O que significa isso? É uma espécie de declaração de incompetência do setor civil de tomar conta das coisas. Porque não devia ser necessário tudo isso. É claro que hoje, ao colocar um ministro da Defesa militar, não temos mais a preocupação que houve no passado com o regime autoritário, mas a utilização abusiva dos militares não é boa. Significa que os políticos e os civis não estão sendo capazes de resolver essas questões. Então, apelam para o papai maior", completou.

Fernando Henrique também disse acreditar que o tema será importante no debate dos candidatos na próxima eleição. "Porque a insegurança chegou à população. Os ricos se defendem, têm carro blindado, têm segurança em casa, têm escolta, têm tudo isso. Mas o povo não, está sujeito às consequências da violência e da desordem, mesmo não estando participando de nada. O povo está sujeito a uma bala perdida", pontuou.

Em seguinte, ressaltou que o assunto não pode virar demagogia. "Agora o assunto não pode virar demagogia. Isso é um tema real e que os candidatos a governar o Brasil vão ter de se pronunciar e dizer o que eles pensam sobre ele, sob pena de que, se isso não houver, os mais violentos, que apenas gritam: 'ah, eu mato, eu esfolo', ganhem algum espaço. É um perigo. E tem outra coisa, tem a lei. Não pode por causa disso incentivar a violência contra as pessoas".

Sobre a escolha do nome de Alckmin para ser o candidato do PSDB na briga pelo Planalto, o ex-presidente disse que nunca questionou a competência do tucano. "Se eu questionasse eu não o teria ajudado a ser eleito presidente do PSDB. Eu o ajudei a ser presidente do PSDB com vistas a ele ser candidato à Presidência da República. Com chance de vitória", sublinhou. "Eu acho que o Alckmin tem chance de vitória sim. Por quê? Porque um tema importante na campanha vai ser o equilíbrio na vida social. São Paulo, comparativamente com outros Estados, está mais em ordem, as polícias estão mais em ordem, as finanças públicas não são um caos. E tem uma outra característica que eu peso no governo do Alckmin: ele é um homem simples, não é uma pessoa de pompa, e ele sabe falar diretamente quando está na televisão e pessoalmente. Eu acho que esses são valores que podem ser transformados, na briga política, em algo muito positivo para o voto.

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 16 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

tech Aplicativo Há 16 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

brasil Tragédia Há 10 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

mundo Estados Unidos Há 17 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Realeza britânica Há 9 Horas

Rei Chales III quebra tradição real com mensagem de Natal

fama Emergência Médica Há 17 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

brasil Tragédia Há 17 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

fama Hollywood Há 12 Horas

Autora presta apoio a Blake Lively após atriz acusar Justin Baldoni de assédio

mundo Estados Unidos Há 12 Horas

Policial multa sem-abrigo que estava em trabalho de parto na rua nos EUA

brasil Tragédia Há 16 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos