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Milhares de pessoas foram às ruas de Bratislava e de outras cidades da Eslováquia nesta sexta-feira (9) para protestarem contra a morte de um jornalista que investigava casos de corrupção ligados ao governo.
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A manifestação, a segunda do tipo em uma semana e a maior desde a independência do país em 1993, coloca pressão no governo do primeiro-ministro Robert Fico, em especial no combate a corrupção, já que aliados seus são suspeitos de terem ligação com a Máfia italiana.
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Ele convocou uma reunião no fim de semana para debater a situação.
Os protestos começaram após a morte do jornalista Jan Kuciak e de sua noiva Martina Kusnirova. Os corpos do casal foram encontrados no dia 25 de fevereiro com marcas de tiros na casa onde eles moravam em Velka Maca (45 quilômetros a leste de Bratislava).
O crime mergulhou a Eslováquia em uma crise política e ameaça a sobrevivência do governo, com aliados afirmando que pretendem deixar a coalizão caso nada seja feito.
Kuciak, 27, era conhecido no país por investigar casos de corrupção. Em fevereiro, ele revelou uma ligação entre o ministro do Interior Robert Kalinak, aliado de Fico, e um condomínio imobiliário suspeito de fraude fiscal em Bratislava.
Por isso, uma das principais exigências dos manifestantes é a saída de Kalinak do cargo. O Most-Hid, um dos partidos da coalizão governista, pediu a renúncia do ministro, que até o momento se negou a deixar o governo.
A última reportagem de Kuciak, que foi publicada postumamente, mostrava a ligação entre a máfia italiana e um grupo de empresários no país. Alguns nomes mencionados no artigo têm ligação com pessoas que depois trabalharam no governo de Fico -todos renunciaram aos cargos após o caso vir a público.
Por isso, autoridades acreditam que o jornalista e sua noiva foram mortos por causa da reportagem. Mais de cem policiais fazem parte da equipe que investiga o assassinato do casal e sete suspeitos -todos ligados a Máfia- chegaram a ser detidos, mas já foram liberados.
Na última sexta (2), cerca de 20 mil pessoas participaram em Bratislava e outras cidades de atos em homenagem a Kuciak, que acabaram se tornando manifestações de protestos contra o governo.
O presidente Andrej Kiska, que é adversário político do premiê, ameaçou convocar novas eleições caso Fico não faça uma reforma ministerial para recuperar o apoio das ruas. "Há uma grande desconfiança da população com o Estado. Muitos não confiam nas autoridades e essa desconfiança é justificada", disse Kiska. "Nós cruzamos uma linha, as coisas foram muito longe e não dá para voltar".
O premiê Fico, porém, se recusou a trocar seus ministros. Ele acusou o bilionário americano George Soros, que se encontrou com o presidente em setembro, de estar por trás dos protestos.
O megainvestidor tem origem húngara, grupo que forma a principal minoria da Eslováquia, com 8,5% da população. Ela nega qualquer ligação com os protestos. Com informações da Folhapress.