O relógio parou em Manchester 15h04 da tarde do dia 6 de fevereiro de 1958. Nessa hora, parte do time mais promissor da Inglaterra, base da seleção, padecia nos destroços do Airspeed Ambassador, aeronave que levaria a equipe de volta para casa.
PUB
Naquele dia, o sonho da Copa do Mundo e da Liga dos Campeões da Europa de 1958 era abandonado pelos ingleses e torcedores do Manchester United:
"Era uma possibilidade real. Tivemos uma Copa do Mundo decente em 1958, mas você adiciona Duncan Edwards, Tommy Taylor, Roger Byrne, David Pegg e Eddie Colman e teríamos um time muito forte, capaz de vencer a Copa do Mundo. Eu não poderia dizer com certeza que nós ganharíamos tanto em 1958 como em 1962, mas tenho certeza de que teríamos ganhado em pelo menos uma das duas."
Bobby Charlton, em entrevista ao FourFourTwo, se refere aos ex-companheiros mortos no acidente. Ele, um dos principais jogadores do futebol inglês, campeão do mundo em 1966, sobreviveu aquele que foi um dos mais trágicos acidentes da história do esporte. Charlton, em relato sobre o caso, também relembra que o Real Madri, pentacampeão seguido da recém-criada Liga dos Campeões, não teria conseguido o feito, não fosse a tragédia:
"O Real Madrid certamente não teria seus cinco seguidos. Estávamos aprendendo muito rapidamente - talvez não eu, mas o resto da equipe - sobre como ser paciente e vencer na Europa", refere-se ao título conquistado pelo Manchester somente 10 anos depois.
Nas duas copas às quais se refere Charlton, a Inglaterra enfrentou o Brasil pelo caminho. Em 1958, acabou por ser eliminada na primeira fase. Já em 1962, nas quartas, justamente para a seleção brasileira, após 3 a 1 no placar.
Na ocasião, o clube voltava de Belgrado, Iugoslávia, hoje capital da Sérvia, onde havia eliminado o forte Estrela Vermelha nas quartas de final do Europeu, após empate em 3 a 3 (precedido de uma vitória em casa por 2 a 1). O destino, previsível. Ainda abalados, veio a eliminação após um 4 a 0 para o Milan na semifinal. O regresso passava por Munique, na Alemanha. Uma investigação posteior afirmou que uma camada de neve na pista provocou uma desaceleração no avião no momento da decolagem.
O relógio em Old Trafford, Manchester, ainda marca 15h04. A homenagem aos heróis daquela geração, Geoff Bent, Roger Byrne, Eddie Colman, Duncan Edwards, Mark Jones, David Pegg, Tommy Taylor e Liam "Billy" Whelan, nunca esquecidos, resiste até hoje.
Além dos jogadores, outras 13 pessoas faleceram na queda do avião, entre jornalistas, funcionários do clube e acompanhantes.