© Fabrizio Bensch/Reuters
Sinal de que os tempos mudaram em Berlim, Angela Merkel trocou o preto que vestiu em suas três posses anteriores pelo branco nesta quarta-feira (14), quando foi confirmada chanceler em votação no Bundestag, o Parlamento alemão.
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Merkel inicia seu quarto mandato desgastada após quase seis meses desde as eleições. As negociações para a formação de uma coalizão, primeiro com os liberais-democratas e verdes, depois com os sociais-democratas, foram as mais longas na Alemanha do pós-guerra.
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A incerteza em torno do novo governo parou a principal economia da União Europeia, vista como uma das lideranças globais a preencher o vácuo deixado pelos EUA com o presidente Donald Trump e o "brexit", a saída britânica da UE.
A votação desta quarta-feira é uma formalidade, pois desde a vitória da CDU (União Democrata-Cristã) na eleição já se sabia que Merkel seria chefe de governo pela quarta vez desde 2005.
Mas os 364 votos que recebeu entre 709 membros do Bundestag foram 35 a menos que os 399 que o governo teoricamente tem assegurados com a grande coalizão entre a CDU de Merkel, seus fiéis aliados bávaros da CSU (União Social-Cristã) e o SPD (Partido Social-Democrata).
Após o anúncio do resultado da votação pelo presidente do Bundestag, Wolfgang Schäuble, Merkel foi aplaudida por membros de todas as bancadas -com exceção da AfD (Alternativa para a Alemanha).
O partido de direita ultranacionalista emergiu das eleições como a terceira força no Parlamento e agora, com a entrada do SPD no governo, é a maior bancada da oposição.
Especulava-se que seus líderes, Alexander Gauland e Alice Weidel, sequer fossem se levantar para cumprimentar a chanceler eleita, mas o fizeram perto do final, não sem alguma frieza. Em setembro, no dia seguinte à eleição, Gauland prometeu "caçar Merkel".
As pesquisas mostram que a AfD ganhou popularidade nos meses de governo paralisado. Algumas sondagens mostram o partido como segunda força, ora empatado ora à frente do SPD, o que expõe a crise que enfrentam os sociais-democratas depois do pior resultado eleitoral de sua história.
Ex-líder da AfD que saiu por discordar do rumo radical que a sigla vinha tomando, Frauke Petry não só cumprimentou Merkel como presenteou a chanceler com um livro do jornalista alemão Jürgen Leinemann sobre como os políticos ficam intoxicados pelo poder.
Logo depois da votação no Bundestag, Merkel foi ao Palácio de Bellevue, onde deve obter a nomeação de chanceler do presidente Frank-Walter Steinmeier.
Merkel então retorna ao Bundestag para fazer o juramento à Constituição e depois volta ao Bellevue, desta vez acompanhada dos 15 ministros do governo, que tomam posse. A primeira reunião do gabinete está prevista para o fim da tarde desta quarta. Com informações da Folhapress.