© Paulo Whitaker / Reuters
O presidente Michel Temer disse que, se o governo de Donald Trump não aceitar negociar exceções no aumento de tarifas de importação de aço, o Brasil vai entrar com uma representação contra a política norte-americana na OMC (Organização Mundial do Comércio) junto com outros países que sofreram prejuízos com a medida.
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"Nós aqui somos contra todo e qualquer protecionismo. Somos pela abertura plena", afirmou Temer na abertura do Fórum Econômico Mundial para América Latina, realizado em São Paulo.
O Itamaraty já havia cogitado recorrer à OMC, mas é a primeira vez que o presidente fala sobre o assunto.
Temer disse ainda que vai ligar para Trump em breve, propondo a abertura de negociações sobre o aumento da tarifa do aço. Ele afirmou que o mandatário americano estaria aberto a conversas.
A briga na OMC é a última alternativa em análise pela diplomacia brasileira. O processo costuma demorar anos e, se vitorioso, o Brasil ganharia o direito de retaliar setores americanos que exportam para o país. A medida pode se tornar um problema para as empresas brasileiras ao elevar seus custos com insumos importados.
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O ministro Aloysio Nunes, das Relações Exteriores, disse à Folha que conversas com os demais países afetados pela medida americana sobre um eventual processo contra os EUA vem ocorrendo em Genebra, sede da OMC. Até agora, o Brasil já tratou do assunto com a União Europeia e a Índia.
"A primeira aposta do governo brasileiro é o diálogo. O Brasil é um país amigo dos Estados Unidos", afirmou Aloysio durante o painel. O Itamaraty vem conversando com empresas americanas importadoras do aço brasileiro para que elas pressionem o Congresso em Washington a conseguir uma exceção para o Brasil.
O ministro disse que também pediu uma reunião com Robert Lighthizer, chefe do USTR (US Trade Representative, o órgão que cuida das negociações comerciais dos Estados Unidos), pois as novas regras americanas de importação de aço ainda não estão claras.
Além de Temer e Aloysio, participaram da abertura do Fórum o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito da cidade, João Doria, o jogador Pelé e Klaus Schwab, o fundador do encontro.
Alckmin também criticou indiretamente a medida americana e defendeu as reformas conduzidas pelo governo Temer, como as alterações na legislação trabalhista. "Não é fácil fazer reformas. Existe um conservadorismo enorme e nunca o nosso país precisou tanto de uma agenda reformista", afirmou o pré-candidato a Presidência do PSDB. A reforma da Previdência será um assunto urgente para o próximo presidente.
Doria propôs aos organizadores do evento que transfiram o Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, para São Paulo a cada dois anos, mas ficou sem resposta.
Pelé recebeu o título de cidadão global das mãos do fundador do Fórum por ser um símbolo do "jogo limpo" - em mais uma alusão à medida protecionista imposta pelos Estados Unidos. O jogador foi aplaudido três vezes pela plateia, formada por brasileiros e estrangeiros, duas das quais de pé. Com informações da Folhapress.