© Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, anunciou nesta quinta-feira (15) a criação de uma comissão externa para acompanhar as investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, morta com quatro tiros na cabeça na noite de quarta-feira (14), no Rio de Janeiro. No carro estavam o motorista Anderson Pedro Gomes, que morreu, e uma assessora, que ficou ferida.
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A comissão externa foi proposta pelos deputados Jean Wyllys (Psol-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Luiza Erundina (Psol-SP) e Wadih Damous (PT-RJ). A criação do colegiado foi autorizada pelo presidente da Câmara durante sessão solene em homenagem à vereadora.
Jean Wyllys se emocionou ao falar de Marielle Franco. “Estamos aos pedaços agora, mas vamos nos juntar e não vamos esquecer: as ideias são à prova de bala”, disse, ao pedir ao presidente da Câmara a criação da comissão externa sobre o crime. “Não vai ficar impune, nem a memória dela será esquecida”, afirmou.“Acho importante a Câmara participar, já que foi um assassinato brutal de uma parlamentar. É nosso papel fiscalizar os atos, mesmo porque os órgãos de segurança estão sob responsabilidade federal e cabe, sim, uma comissão externa para tratar desse assunto”, disse Rodrigo Maia em entrevista após a sessão solene.
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Coordenadora adjunta da bancada feminina na Câmara, a deputada professora Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) afirmou que o caso Marielle é um exemplo de feminicídio e de violência política contra a mulher. “Que o caso seja simbólico e que a Casa se envolva na comissão externa com a participação de todos os parlamentares, em especial da bancada feminina”, disse.
Protestos
Socióloga, Marielle Franco foi assessora parlamentar do deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) antes de se eleger vereadora em 2016, como a quinta mais votada entre todos os candidatos. Na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, presidia a Comissão de Defesa da Mulher.
Nesta manhã, durante a sessão solene no Plenário, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) cobrou a votação de proposta que trata do abuso de autoridade. Quatro dias antes de ser assassinada, Marielle Franco fez denúncias contra a violência policial em Acari, comunidade na zona norte do Rio de Janeiro. As primeiras investigações incluem a hipótese de execução da vereadora.
Chinaglia também criticou o discurso de ódio nas redes sociais contra a pauta dos direitos humanos, defendida por Marielle Franco. “Já há ratos nas mídias sociais tentando passar a ideia de que a mobilização de indignação e de solidariedade é em decorrência do assassinato de uma das nossas”, afirmou. “Tentam desqualificar o conteúdo da pauta dos direitos humanos.”
A deputada Luiza Erundina também se manifestou neste sentido. “Não vão conseguir calar a voz da Marielle, que vai se reproduzir, aos milhares e aos milhões, por este País afora, junto com as outras vinte vítimas idênticas a Marielle, que colocaram suas vidas a serviço de direitos até hoje não assegurados pelos sucessivos governos deste País”, disse.
Durante a sessão solene, militantes e defensores dos direitos humanos protestaram no Plenário contra o assassinato da vereadora e gritaram palavras de ordem contra o presidente da República, Michel Temer; contra a Polícia Militar do Rio de Janeiro; contra a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro; e contra o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Intervenção
A segurança pública no estado do Rio de Janeiro está sob intervenção federal desde fevereiro último. A Presidência da República informou que acompanhará o caso Marielle, e o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, colocou a Polícia Federal à disposição para as investigações.
Criada no último dia 5, uma comissão externa formada por 42 deputados e deputadas monitora as operações no estado. A Câmara também criou o Observatório Legislativo da Intervenção Federal na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro (Olerj), para acompanhar a intervenção.