©  J Batista / Divulgação
"Olá, eu sou sua prima", disse animada a aposentada Vera Lúcia Maia, 60, que esperava o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta sexta-feira (16) na porta da Prefeitura de Catolé do Rocha, cidade a 414 km de João Pessoa.
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Ela só não sabia que não estava abraçando e beijando o pré-candidato à Presidência da República, mas o deputado paraibano Efraim Filho, correligionário de Maia.
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"Você também é bonito. Só vejo o povo falando, mas eu não vejo você na televisão", disse depois de ser apresentada ao desconhecido Rodrigo Maia, que ainda patina nas pesquisas eleitorais com 1% das intenções de voto, conforme o último Datafolha.
A aposentada, como quase todos na cidade, ou são Maia ou são casados com alguém da família que há décadas comanda a política local, inclusive disputando cargos entre si. Em busca da popularidade, Maia resolveu enfrentar seu primeiro "test drive" de Nordeste, começando seu giro pelo país visitando os familiares que, em geral, nunca havia visto.
A relação da família do pré-candidato com a cidade que votou majoritariamente nos candidatos do PT nas quatro últimas eleições presidenciais é tamanha que vereadores aproveitaram a visita para entregar um título de cidadão catoleense conferido ao pai dele, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, em 2009. A comenda fora concedida, mas nunca buscada.
Tímido, trajando calça jeans e camisa social com mangas arregaçadas e iniciais bordadas no peito, Maia mostrou-se desconcertado com os pedidos de fotos e abraços até chegar ao gabinete do prefeito em exercício, Laurinho Maia (DEM), que, obviamente, também é familiar dele.
Na visita, ouviu uma série de pleitos e chegou a dar o número particular de telefone para uma parente que pediu ajuda para fazer tratamento de uma doença degenerativa na Espanha. Maia rasgou a aba de um envelope que tinha nas mãos e entregou seu celular.
Antes de seguir para um almoço com os primos, com direito a foto de álbum de família, ouvi a história de um busto doado ao município por seu avô paterno, Felinto Maia, quando este era presidente da Casa da Moeda, em 1951.
Tentando perder mais que os quatro quilos que diz já ter emagrecido, Maia comeu carnes típicas da culinária nordestina, como a de bode, mas evitou arroz, doce e uísque.
Mas não fez nada parecido com a emblemática cena do então candidato Fernando Henrique Cardoso, que, em 1994, tentando aumentar sua popularidade na região, montou um jegue, que coiceou um asno em Delmiro Gouveia (AL).
Sem conexão com internet na fazenda onde ocorreu o encontro, não teve oportunidade de alimentar o vício de mexer no celular enquanto conversa com interlocutores. Dos primos de graus variados, Maia recebeu promessas de votos na eleição deste ano. "A classe média daqui que votava em Lula não vota mais nele. A família Maia é muito grande. O sobrenome dele dá uma grande ajuda. Onde tiver Maia no Brasil, vota nele", afirma o vereador e primo Odilon Maia (PHS).
REDE
No fim da tarde, Maia e os aliados que o acompanham na viagem seguiram para São Bento, distante 50 km de Catolé do Rocha. Foi recebido com fogos de artifício em um evento organizado pela prefeitura, sob comando do correligionário Jarques Lúcio.
Apresentado como presidente da Câmara e pré-candidato à Presidência da República, Maia subiu ao palco enfeitado com balões azuis e brancos, cores tanto do DEM como da administração local, em que um telão anunciava que ali acontecia um ato de entrega de ônibus escolares.
Cinco veículos do município foram incendiados no início da semana e a prefeitura anunciava que o governo do estado já havia enviado dois novos ônibus e que o Ministério da Educação, comandado por Mendonça Filho, do DEM, já havia se comprometido a mandar outros cinco. Maia disse não considerar inadequada a mistura do evento administrativo com o de pré-campanha.
"Não vejo nenhum problema porque, de forma nenhuma, a gente veio aqui pedir voto. A gente veio tratar de política. O que a lei não permite é que se peça voto e que, no período eleitoral, que a gente não possa estar em nenhum palanque que tenha relação com o estado", afirmou o pré-candidato.
O prefeito disse que o evento já estava marcado e que só faria o ato de entrega dos ônibus depois da saída de Maia da cidade. O Ministério da Educação negou qualquer motivação política na liberação dos veículos.
A pasta informou que foi procurada por parlamentares paraibanos e orientou a prefeitura a requerer formalmente os novos ônibus. Com informações da Folhapress.