© Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Pré-candidato do PSDB ao governo do Estado, o prefeito João Doria deixou de comparecer a um debate entre os tucanos que postulam a vaga para a sucessão estadual e decidiu ir para as ruas neste sábado, 17, fazer um corpo a corpo com a população. Durante o debate entre os pré-candidatos do PSDB, o suplente de senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, pediu a suspensão das prévias sob alegação de risco de fraude no resultado. O primeiro turno das prévias tucanas para a sucessão estadual está marcado para este domingo, 18.
PUB
O dia do prefeito começou com um ato organizado em clima de campanha. No bairro Heliópolis, na região sul da capital paulista, membros do Movimento dos Trabalhadores sem Teto do Ipiranga (MSTI), ligado ao vereador José Police Neto (PSD), receberam Doria com balões, queima de fogos e vários afagos.
O prefeito lançou um edital de parceria público-privada para construção de unidades habitacionais e anunciou a regularização fundiária de terrenos no bairro, além de ajudar a cimentar o pedaço de uma calçada. Em seu discurso, o prefeito atacou o promotor e a juíza que o proibiram de usar seu slogan "Acelera SP" e gesticular um "V" na horizontal com os dedos, marca de Doria em vídeos nas redes sociais. Atacando a decisão, o tucano afirmou que vai recorrer. "Para me amordaçar, vão ter que me matar", bradou.
Na cerimônia, o prefeito começou seu discurso com um "Glória a Deus", ecoando uma moradora religiosa que estava na plateia. De braços dados com o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ele recebeu apoio explícito do vereador Police Neto, que disse entender que o prefeito tem uma "batalha" pela frente. "Objetivo não é campanha, mas o povo gosta. E eu gosto também, o contato com a população é o melhor da administração pública", disse Doria.
Na sequência, Doria foi ao Bom Retiro, na região central. Nos dois locais, integrantes da Prefeitura usavam camisetas do programa "Cidade Linda", cujo slogan também foi proibido de ser usado pela Justiça. Ao se justificar, o tucano afirmou que a medida judicial vale apenas para ele, e que outros integrantes da administração podem promover o programa normalmente. Ao classificar a medida como "censura", ele disse que o promotor que moveu a ação contra o uso da marca "é petista" e amigo do vereador Antonio Donato (PT), que fez a denúncia no Ministério Público alegando que o chefe do Executivo estava usando a propaganda oficial para se promover.
No Bom Retiro, Doria foi alvo de manifestantes que o acusavam de "abandonar a Prefeitura" e ser um "prefake" (prefeito falso). Ele ignorou os protestos e gravou um vídeo para suas redes sociais enquanto os críticos gritavam palavras de ordem contra ele. Em conversa com jornalistas, Doria declarou que não foi um "erro" se movimentar para ser candidato ao Governo do Estado após um ano e três meses de gestão municipal. Único pré-candidato tucano a não ir ao debate antes das prévias, o prefeito disse que não tinha sido convidado. A versão foi contestada pelo suplente de senador José Aníbal, um dos concorrentes do prefeito na disputa interna pela candidatura, que chamou Doria de "mentiroso costumaz".
Prévia - No último debate entre os pré-candidatos do PSDB ao governo paulista, José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, pediu a suspensão das prévias. O tucano mostrou aos participantes reportagem do Estado mostrando os bastidores de uma reunião do PSDB na qual dirigentes admitem não haver como evitar fraudes.
"As prévias estão completamente comprometidas. No relato da matéria do Estadão o secretário Geral do PSDB chama as fraudes de efeito colateral. Efeito colateral significa roubo e fraudar a eleição", disse Aníbal.
Doria foi o único pré candidato a governador do PSDB que não compareceu ao debate, realizado em uma universidade no centro da capital paulista. Pouco mais de 50 pessoas foram ouvir Aníbal, o cientista político Luiz Felipe Davila e o secretário de Desenvolvimento Social Floriano Pesaro.
Primeiro a falar, Aníbal também criticou a cobrança de R$ 45 mil feita pelo PSDB aos pré-candidatos. Depois da repercussão negativa, a executiva tucana recuou da medida. "Querem extorquir os pré-candidatos", disse o suplente de senador.
O prefeito João Doria também foi alvo de Aníbal. "O propósito do prefeito Doria é se servir da política. Seu desejo é a Presidência. Doria é um fator de desagregação no PSDB", disse Aníbal.
Em sua fala, Floriano Pesaro também citou a matéria do Estadão publicada neste sábado para criticar a organização das prévias. "A impossibilidade de fiscalização das prévias é algo que nos machuca", disse Pesaro.