Bienal de São Paulo traz geração ainda pouco explorada

Todos os 12 artistas nasceram entre as décadas de 1950 e 1980, sendo nove brasileiros

© Getty Images

Cultura Notícias 20/03/18 POR Folhapress

A 33ª edição da Bienal de São Paulo anunciou, nesta terça (20), os 12 artistas convocados para esta que é uma das mostras de arte mais importantes do mundo. O anúncio engloba somente os artistas selecionados pelo curador-geral da Bienal, Gabriel Pérez-Barreiro.

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Outra novidade desta edição, que vai do dia 7/9 até 9/12, é a presença de sete artistas-curadores, entre eles Waltercio Caldas e Sofia Borges, que são responsáveis pela nomeação de outros artistas – que ainda não se sabe o número exato– para o evento. Esta seleção será divulgada somente em abril.

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A exposição não terá tema definido e leva o título de "Afinidades Afetivas", deriva de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Mário Pedrosa (1900-1981).

O escritor alemão escreveu uma obra com este nome na qual um casal recebe dois visitantes que despertam atração sexual e amor proibido. Já o escritor e jornalista brasileiro tratou da "natureza afetiva da forma na obra de arte".

Dos 12 artistas, três ganharão homenagens póstumas, um expõe trabalho já apresentado e oito vão produzir obras para a Bienal paulista. Todos nasceram entre as décadas de 1950 e 1980, sendo nove brasileiros. O restante vem da Argentina, da Guatemala e do Paraguai.

Os homenageados serão a brasileira radicada em Londres Lucia Nogueira (1950-98), o paraguaio Feliciano Centurión (1962-96) e o guatemalteco Aníbal López (1964-2014). Os três latino-americanos fizeram sucesso na década de 1990, caindo no esquecimento depois de sua morte.

Apesar de Lucia Nogueira ter desempenhado um importante papel na arte britânica, ela somente teve uma primeira exposição individual no Brasil em 2011. Para o curador, o trio teve outros obstáculos para alcançar o público. Centurión e López vêm de uma região com pouca estrutura para exposição, e o trio despontou nos anos 1990, uma geração "ainda não muito explorada, cujos artistas correm o risco de caírem no esquecimento".

"Eles representam a liberdade de expressão, por serem a primeira geração pós-ditadura que era livre para produzir sem a opressão dos regimes totalitários", diz. Entre os temas que eles destacam estão a sexualidade, a política e o expoente feminino.

Feliciano dialoga com o universo queer em suas obras. Segundo Pérez-Barreiro, o artista aborda questões "muito importantes que voltaram a ser pauta nos últimos meses". O curador nega ter escolhido o artista como forma de reflexão sobre a mostra "Queermuseu" em Porto Alegre, cancelada em 2017 após protestos contra o teor das obras. "Os artistas já estavam escolhidos antes dessas polêmicas."

ABORDAGENS

Outro artista que traz um tema definido é o goiano Siron Franco, que terá obras da série "Césio/Rua 57", que dialogam sobre o acidente radioativo de 1987, em Goiânia, com o elemento Césio 137. O curador acredita que debates sobre catástrofes ambientais como a da barragem de Mariana, Minas Gerais, em 2015, são necessários e permanecem atuais.

Os outros oito artistas escolhidos têm em comum o fato de não se encaixarem em uma estrutura temática, conforme o objetivo da mostra. Entre eles está Alejandro Corujeira, que terá esculturas e pinturas que "captam o movimento da natureza". Já Denise Milan mostrará suas esculturas com grandes pedras e cristais.

O cotidiano circunda os trabalhos de Maria Laet que exibirá um vídeo e Vânia Mignone a partir de pinturas. Nelson Felix conceberá uma instalação que traz reflexões planetárias. Bruno Moreschi e Luiza Crosman fugirão das tradicionais obras de arte e não terão trabalhos físicos expostos, mas projetos, por exemplo, a partir de redes sociais. Tamar Guimarães unirá uma abordagem crítica sobre preocupações poéticas e narrativas por meio de um vídeo. Com informações da Folhapress.

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