Com sucessos, Pearl Jam leva Maracanã de volta aos anos 90

Banda levou ao palco dois convidados do Red Hot Chili Peppers em apresentação na noite desta quarta no Rio

© Lucas Jackson / Reuters

Cultura show 22/03/18 POR Folhapress

O Pearl Jam iniciou na noite desta quarta (21), no Maracanã, sua quinta passagem pelo Brasil com um show de mais de duas horas que privilegiou seu repertório dos anos 1990 e que teve a participação de dois convidados do Red Hot Chili Peppers - ambas as bandas se apresentam no Lollapalooza, em São Paulo, a partir de sexta (23).

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Eddie Vedder e seus parceiros mostraram 29 músicas para uma plateia que não chegou a lotar os 65 mil lugares do estádio carioca, mas que os recebeu com empolgação. "Estamos muito felizes de estar de volta ao Maracanã. Vendo vocês, percebemos o quanto sentimos saudades. Sempre pensamos no Brasil e adoramos tocar aqui pra vocês", disse o vocalista, lendo as palavras em português, como tradicionalmente faz.

A banda começou o show em modo lento, mas já dando uma pista do que viria -"Release", a música de abertura, foi uma das sete canções do primeiro álbum do PJ ("Ten", 1991) a entrar no repertório.

"Low Lights" e "Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town" -uma das favoritas dos fãs para a cantoria- mantiveram o ritmo suave, mas ele já viraria na quarta canção, "Go", velho sucesso que abriu uma longa sequência roqueira da apresentação.

Falante e carismático como sempre, Vedder manteve-se o centro das atenções, mas também deu espaço para os companheiros brincarem -por exemplo, numa jam estendida no meio de "Even Flow", quando o vocalista inclusive saiu do palco.

O cantor também apresentou cada membro da banda: o guitarrista Mike McCready antes de "Given to Fly", o "xerife" e baixista Jeff Ament antes de "Corduroy", "a lenda da bateria" Matt Cameron (que vestia uma camiseta com o rosto de Chris Cornell, vocalista do Soundgarden, banda em que também foi baterista) e "meu grande amigo [o guitarrista] Stone Gossard", no momento em que ele pegou o violão para tocar os célebres acordes iniciais de "Daughter", um dos muitos hits dos anos 1990 presentes no repertório.

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Pouco depois de dedicar "Wishlist" aos Red Hot Chili Peppers, Vedder convidou Chad Smith, baterista da banda californiana, para tocar cowbell no recém-lançado single "Can't Deny Me", um protesto contra a presidência de Donald Trump.

"Tem uma coisa boa que acontece quando seu país tem um líder terrível: isso faz com que as pessoas se deem conta de que precisam se unir e tornar-se os líderes", disse o cantor, numa de suas poucas falas em inglês.

O vocalista, a propósito, não estava nos seus melhores dias - errou letras a granel (inclusive a de "Alive", possivelmente a canção que mais cantou na vida), errou a introdução de "Leaving Here" na guitarra (a ponto de desistir e pedir ajuda dos companheiros) e desafinou ocasionalmente. Sua simpatia, energia e entrega, no entanto, compensaram as falhas.

Após 90 minutos de show, a banda se despediu com "Porch", mas retornaria para um longo bis iniciado com uma música da carreira solo de Vedder ("Sleeping by Myself") e que teve como ponto alto a sequência de hits "Daughter", "Do the Evolution" e "Black".

Antes de tentar tocar "Leaving Here", velha cover incorporada ao repertório do PJ há décadas, Vedder a dedicou ao público feminino. "Essa música é para todas as mulheres fortes das nossas vidas. Nossas mães, irmãs, filhas, esposas, namoradas", disse, em português. "Só os homens fracos não apoiam as mulheres."

Notória ativista de causas sociais e políticas, a banda exibiu no telão, antes do início do show, um vídeo da ONG ambientalista Conservation International, alertando sobre o aquecimento global. 

Também se valeu do cartaz criado para o show do Maracanã -obra do artista americano Ravi Amar Zupa- para endossar uma homenagem aos moradores de favelas do Rio, "que, apesar da obscena desigualdade, encontram modos de construir cidades nos morros", segundo escreveu o pintor. A imagem mostra, sobre uma favela desenhado ao fundo, três pássaros armados de fuzis.

Para encerrar o show, o Pearl Jam chamou mais um convidado do Red Hot Chili Peppers -o guitarrista Josh Klinghoffer-, que tocou o hit "Alive" e a tradicional versão de "Rockin' in the Free World", de Neil Young. "Yellow Ledbetter", outra benquista pelos fãs, fechou a noite depois de mais de duas horas e meia.O Pearl Jam encerra a noite de sábado (24) do Lollapalooza, no autódromo de Interlagos, em São Paulo. Um dia antes, os headliners serão os Chili Peppers.

ROYAL BLOOD

Antes da atração principal, o duo britânico Royal Blood fez um show potente para um Maracanã ainda vazio. Munidos de poucos instrumentos, o baixista e vocalista Mike Kerr, 27, e o baterista Ben Thatcher, 30, fizeram um esporro considerável.

Kerr toca seu baixo como se fosse uma guitarra -vide canções como "I Only Lie when I Love You", com seu riff marcante, e "Little Monster", um hard rock com suingue.Thatcher, por sua vez, é um baterista sem firulas.

Soando ocasionalmente como um Soundgarden enxuto, ora como um Queens of the Stone Age menos elaborado, os rapazes esforçaram-se para animar a pequena plateia, que ainda encarou uma garoa. Foram relativamente bem-sucedidos, mas funcionariam melhor num espaço menor e fechado.O Royal Blood se apresenta no Lollapalooza na tarde de sexta (23).

REPERTÓRIO PEARL JAM

"Release"

"Low Light"

"Elderly Woman behind the Counter in a Small Town"

"Go"

"All Night"

"Animal"

"Given to Fly"

"In Hiding"

"Jeremy"

"Corduroy"

"Even Flow"

"Immortality"

"Wishlist"

"Mind Your Manners"

"Lightning Bolt"

"Garden"

"Can't Deny Me"

"Porch"

"Sleeping by Myself"

"Inside Job"

"Daughter"

"Do the Evolution"

"Black"

"Leaving Here"

"Blood"

"Betterman"

"Alive"

"Rockin' in the Free World"

"Yellow Ledbetter"

Com informações da Folhapress.

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