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A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (23) a 50ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Sothis II. Os agentes federais cumprem três mandados de busca e apreensão nas cidades de Salvador (BA), Campinas e Paulínia (SP).
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A operação é um complemento das investigações da 47ª fase, a Sothis, que apura o pagamento de propina de agentes públicos e atos de lavagem em contratos da Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transporte.
Em Salvador, a PF cumpre os mandados na casa de Ana Vilma Fonseca de Jesus, mulher do ex-gerente da Transpetro José Antônio de Jesus, que foi preso na 47ª fase e se encontra na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Em São Paulo, os mandados tem como alvo empresas investigadas na operação. Uma delas é a Meta Manutenção e Instalações Industriais Ltda, suspeita de pagar R$ 2,3 milhões em propina ao ex-gerente.
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Ele era um dos donos da JRA Transportes, empresa que, segundo o Ministério Público, também era administrada de forma oculta por José Antônio. De acordo com a Procuradoria, o ex-gerente da Transpetro foi representado na JRA por seu filho, entre 2011 e 2016.
À Polícia Federal José Roberto afirmou que a JRA foi utilizada por José Antônio para receber propina de empresas fornecedoras da Transpetro, sem ter prestado qualquer serviço.
As investigações tiveram início com a colaboração premiada de executivos da NM Engenharia, que relataram o pagamento de propinas ao ex-gerente, derivadas de contratos celebrados com a estatal. Um dos investigados também relatou a existência de outros pagamentos indevidos, especialmente provenientes da empresa Meta.
Quebras de sigilo bancário, fiscal, telemático e de registros telefônicos revelaram a existência de diversas transações bancárias entre a Meta Manutenção e uma empresa vinculada a José Antônio de Jesus, entre os anos de 2009 e 2011, totalizando 2,3 milhões.
As provas colhidas até o momento indicam ainda que, logo após as transferências dos recursos pela Meta Manutenção, familiares de José Antônio de Jesus foram favorecidos diretamente com operações bancárias da empresa vinculada ao ex-gerente da Transpetro, que teria sido utilizada apenas para esconder a origem ilícita dos valores.
47ª FASE
Familiares e intermediários do ex-gerente também são suspeitos de operacionalizar o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa de engenharia NM entre setembro de 2009 e março de 2014, dissimulando a origem ilícita dos recursos, por meio de depósitos em contas bancárias.
Segundo os procuradores, o ex-gerente teria pedido, inicialmente, o pagamento de 1% do valor dos contratos da NM com a Transpetro como propina, mas o acerto final ficou em 0,5%. Esse valor teria sido pago mensalmente em benefício do PT e não tinha relação com os pagamentos feitos pela mesma empresa ao PMDB a pedido da presidência da Transpetro.
ASSASSINATO
A principal testemunha das investigações que resultaram na prisão de José Antonio de Jesus foi assassinada em janeiro deste ano. José Roberto Soares Vieira, 47, foi morto com nove tiros na Região Metropolitana de Salvador (BA).
Ele era um dos donos da JRA Transportes, empresa que teve como sócio entre 2011 e 2013 o filho do ex-gerente da Transpetro, conhecido como Zangado. À Polícia Federal a vítima afirmou que a JRA foi utilizada por José Antônio de Jesus para receber propina de empresas fornecedoras da Transpetro, sem ter prestado qualquer serviço.
Em despacho no final de janeiro, o juiz Sergio Moro afirmou que o assassinato pode estar relacionado à operação.
"Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros." Com informações da Folhapress.