© Ricardo Moraes/Reuters
Seis pessoas foram presas sob a suspeita de terem participado de ataques a prédios públicos e incêndios a ônibus em Fortaleza entre sábado (24) e domingo (25). Foram registrados ao menos 10 ataques na capital e em outras duas cidades, que vivem uma guerra entre facções criminosas.
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De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social, as prisões foram efetuadas pela Polícia Militar. Três deles foram detidos neste domingo e os outros três, no sábado.
Os crimes ocorreram após três homens que participaram de um ataque à Secretaria de Justiça e Cidadania na madrugada de sábado (24) terem sido mortos depois de troca de tiros com policiais militares. Dois deles foram identificados: Francisco José Raniel Barbosa dos Santos, 19, e Davi Lima Pires, 19. Com eles, foram apreendidas armas e uma granada.
Um dos presos pela polícia cearense portava uma pistola calibre 380 com 13 munições, no bairro Vila União, e a suspeita é que tenha participado de ataque a tiros no prédio da Etufor (Empresa de Transportes Urbanos de Fortaleza).
Os outros dois estavam em uma moto na avenida Presidente Castelo Branco com uma mochila que transportava garrafas com nove litros de gasolina. Também com o mesmo combustível, foram presos outros três homens na noite deste sábado, próximo à praça da Estação e no centro da capital cearense.
Até a madrugada deste domingo, o estado teve ao menos 10 ataques incendiários, sendo cinco em ônibus, dois em torres de telefonia, um na secretaria regional da prefeitura, num depósito de veículos e um veículo em frente ao 20º DP (Distrito Policial).
Houve, ainda, disparos de tiros em frente ao 18º Juizado Especial e à Etufor e queima de pneus nas avenidas Coronel Carvalho, no bairro Vila Velha, e Mozart Lucena, no Quintino Cunha.
Além da capital, os ataques ocorreram em Cascavel e Sobral. Na primeira, atingiu o depósito de veículos, danificando mais de 50 automóveis que estavam no local. Já em Sobral, foi registrada uma tentativa de incêndio nos fundos do prédio da coordenadoria de operações policiais.
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O Ceará vive uma guerra de facções e, só em duas chacinas em janeiro, 24 pessoas foram mortas. Uma das hipóteses é que a facção Guardiões do Estado, que teria sido responsável pela chacina que deixou 14 mortos na periferia de Fortaleza em janeiro, tem características distintas de outras com as quais disputa o espaço de tráfico na região, se notabilizando por cometerem crimes com requintes de crueldade.
Além dela, atuam no Ceará Comando Vermelho, PCC, Família do Norte e Amigos dos Amigos. Com esse cenário, taxistas e motoristas de aplicativos têm rejeitado corridas a lugares considerados perigosos, lojas liberam funcionários mais cedo, postos de combustíveis deixaram de funcionar 24 horas por dia e há bairros onde impera o toque de recolher.
Em 2017, o Ceará teve seis chacinas, a maioria na região metropolitana. No ano passado, 5.134 pessoas foram assassinadas, alta superior a 50% em relação a 2016, quando foram mortas 3.407 pessoas.
ÔNIBUS ESCOLTADOS
Por causa dos ataques, a secretaria reforçou o policiamento, com o uso de helicópteros. Os incêndios foram combatidos por equipes do Corpo de Bombeiros. Os ataques serão investigados pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas da Polícia Civil do Ceará.
Devido aos ataques, a Etufor colocou em funcionamento na madrugada um esquema especial para o transporte coletivo de Fortaleza, com veículos em comboios acompanhados pela Polícia Militar e Guarda Municipal.
Uma das principais linhas de investigação é que o ataque tenha sido ordenado por facções criminosas que questionam o anúncio de instalação de bloqueadores de celular nos presídios.
Na noite de quinta-feira (22), um grupo armado tentou incendiar um prédio dos Correios. Os criminosos deixaram um bilhete ameaçando ataques caso os bloqueadores sejam instalados. Com informações da Folhapress.