Bolsa brasileira acompanha piora no exterior e cai 1,5%

O dólar subiu para R$ 3,33, maior patamar em três meses.

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Economia MERCADO FINANCEIRO 27/03/18 POR Folhapress

As ações de empresas de tecnologia tiveram fortes quedas nesta terça-feira (27), afetadas pela queda de 4,9% do Facebook. O mau humor contaminou outros indicadores e chegou até a Bolsa brasileira, que fechou em baixa sob peso de Petrobras, Vale e bancos. O dólar subiu para R$ 3,33, maior patamar em três meses.

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O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, teve queda de 1,50%, para 83.808 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 9,5 bilhões. A média diária de março está em R$ 11,1 bilhões.

O dólar comercial subiu 0,81%, para R$ 3,332, maior patamar desde 22 de dezembro do ano passado. O dólar à vista, que fecha mais cedo, avançou 0,71%, para R$ 3,329.

O mau humor no exterior voltou a afetar os negócios na Bolsa brasileira. Desta vez, a preocupação foi desencadeada pela forte venda de ações de tecnologia nos Estados Unidos, ainda sob efeito da polêmica com o Facebook envolvendo a consultoria Cambridge Analytica.

A empresa teria acessado dados de 50 milhões de usuários da rede social para construir perfis eleitorais em nome da campanha de Donald  Trump. O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, vai ao Congresso americano em duas semanas para responder a perguntas sobre privacidade de dados e outras questões.

"Foi um dia de volatilidade alta. As ações tecnológicas nos EUA caíram pesado. Essa história da  Cambridge Analytica pegou mal para a empresa. Muitas pessoas fecharam contas, isso gerou temores grandes nesse contexto", avalia Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. 

As ações do Facebook caíram 4,9% nesta sessão. Os papéis da Alphabet, dona do Google, recuaram 4,57%. Os papéis do Twitter despencaram 12% após um relatório indicar que o papel é o "mais vulnerável" às regulações de privacidade dos usuários.

Com isso, o índice da Bolsa Nasdaq perdeu 2,93%. O Dow Jones recuou 1,43%, e o S&P 500 teve baixa de 1,73%. O alívio com uma potencial guerra comercial entre Estados Unidos e China se manteve nesta sessão, embora tenha ficado em segundo plano, ofuscado pela queda das ações de tecnologia. "A questão do acordo comercial vai ficar indo e voltando, assim como a questão do aço trouxe volatilidade", afirma Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da casa de análise Levante.

Ele ainda vê no mercado um impacto da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de adiar para 4 de abril o habeas corpus preventivo pedido pela defesa de Lula, dando uma liminar que proíbe a prisão do petista até lá.

"Para mim, o mercado caiu pela incerteza sobre o habeas corpus do STF do Lula. A brecha que foi dada pelo STF é de o Lula não ser condenado mais. Qualquer ministro pode pedir vistas e protelar até o ano que vem", diz.

Na agenda, os investidores avaliaram a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). 

+ Presidente do BNDES entrega carta de demissão a Temer

"A ata do Copom deixou mais clara a possibilidade de nova redução de juros na reunião de maio, com dúvidas se haverá pausa posterior ou término do ciclo de redução. O Copom deixou transcrito que a aprovação de reformas é fundamental para sustentabilidade da inflação baixa e ponderou haver riscos externos e frustração com reformas", diz, em relatório, Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. 

O Tesouro Nacional informou ainda que o deficit primário de fevereiro somou R$ 19,3 bilhões, resultado 28,8% menor do que o do mesmo mês do ano passado.

AÇÕES

Dos 64 papéis do Ibovespa, 50 caíram, 13 subiram e um fechou estável. As ações da Sabesp despencaram 8,62%, após a Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) propor reajuste tarifário de 4,77%, em sua nota técnica preliminar da segunda revisão tarifária.

O percentual foi considerado baixo por investidores. Em nota a clientes, analistas do BTG Pactual diz que o aumento tarifário menor do que o esperado reforça a "visão de que, com as próximas eleições estaduais, aumentos de tarifas acima da média são improváveis".

As ações da Marfrig recuaram 4,58%. Os papéis preferenciais da Eletrobras tiveram baixa de 3,92%. Na ponta positiva, a Via Varejo e o Pão de Açúcar lideraram as altas, ao avançar 5,10% e 3,18%, respectivamente. Os papéis reagiram a uma possível parceria com a Amazon.

A Petrobras acompanhou a queda dos preços do petróleo e fechou em baixa nesta terça. Os papéis preferenciais da estatal caíram 2,68%, para R$ 21,44. As ações ordinárias recuaram 2,47%, para R$ 23,32.A mineradora Vale teve queda de 2,71%, para R$ 40,86. 

No setor financeiro, os papéis de bancos caíram. O Itaú Unibanco teve queda de 1,20%. Os papéis preferenciais do Bradesco caíram 1,21%, e os ordinários se desvalorizaram 2,08%. O Banco do Brasil perdeu 2,48%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil fecharam estáveis.

CÂMBIO

O dólar ganhou força ante 20 das 31 principais moedas do mundo. O Banco Central vendeu nesta sessão a oferta de 14 mil contratos de swaps cambiais tradicionais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). O BC rola os contratos com vencimento em abril. Até agora, já rolou US$ 8,4 bilhões dos US$ 9,029 bilhões que vencem no próximo mês.

O CDS (credit default swap, espécie de termômetro de risco-país) subiu 0,57%, para 168,5 pontos. No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram resultados mistos. O DI para abril deste ano caiu de 6,393% para 6,392%. O DI para janeiro de 2019 subiu de 6,215% para 6,240%. Com informações da Folhapress.

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