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O Ministério Público Federal (MPF) denunciou nesta terça (27) três ex-agentes da repressão pelo desaparecimento do militante político Aylton Adalberto Mortati em 1971.
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O policial Walter Lang, o delegado Cyrino Francisco de Paula Filho e o investigador Dirceu Gravina são acusados pelo sequestro da vítima. O crime é considerado permanente -ou seja, a sua ocorrência se perpetua no tempo, uma vez que a vítima nunca mais foi vista e seu corpo nunca foi encontrado.
Os acusados estavam a serviço do Departamento de Operações de Informações (DOI) do 2º Exército, na capital paulista, um dos principais centros de perseguição política e tortura durante a ditadura militar.
Aylton Mortati era uma das lideranças do Movimento de Libertação Popular (Molipo), grupo dissidente da Aliança Libertadora Nacional (ALN). Segundo a denúncia do MPF, ele era um dos alvos da chamada Operação Ilha, cuja missão era eliminar militantes recém-chegados de treinamentos em Cuba.
A denúncia afirma que Lang e Paula Filho vigiaram a rotina do militante durante um mês, até que o abordaram no dia 4 novembro de 1971 perto de sua casa, na Vila Prudente, zona leste de São Paulo. O ativista foi levado ao DOI, onde a equipe chefiada por Gravina o submeteu a sessões de tortura. Nunca mais foi visto.
"Apesar das evidências e das declarações contundentes das testemunhas mencionadas, os militares nunca assumiram o sequestro, tortura e desaparecimento de Aylton. Mantiveram até o fim a versão de que se encontrava 'foragido', inclusive falsificando documentos com tal finalidade, com o intuito de disseminar informações falsas", diz a denúncia.
O Ministério Público relata testemunhos que comprovariam o crime.
Um ex-preso político relatou à Procuradoria da República no Estado do Rio de Janeiro que soube da prisão de Mortati por seus próprios torturadores, que diziam que ele fora morto após agressões físicas.
Um outro preso afirmou que foi torturado por pessoas que se gabavam de haver matado Mortati. Além da condenação dos acusados, o Ministério Público quer que a Justiça considere circunstâncias agravantes no momento de julgá-los, entre elas abuso de autoridade e a manutenção clandestina da vítima em prédio público federal. Com informações da Folhapress.