União tem 93,7% de gastos obrigatórios

Entre as despesas rígidas estão a folha de pagamento do funcionalismo e benefícios previdenciários

© Marcos Corrêa/PR

Economia rigidez orçamentária 29/03/18 POR Estadao Conteudo

O nível de engessamento do Orçamento bateu recorde e chegou a 93,7% do total de despesas em 2017, o equivalente a 18,3% do Produto Interno Bruto (PIB). É o que revela estudo do Tesouro Nacional divulgado nessa quarta-feira, 28, em relatório fiscal. Esse é o tamanho dos gastos que são de realização obrigatória. Em 2001, a chamada "rigidez orçamentária" correspondia a 85,6% das despesas orçamentárias. Entre os gastos obrigatórios estão a folha de pagamento do funcionalismo e benefícios previdenciários.

PUB

A pequena margem orçamentária que sobra para abrigar as despesas que não são rígidas (chamadas tecnicamente de discricionárias) fica ainda mais restrita se forem levados em conta os restos a pagar inscritos e não cancelados, que são despesas não pagas e transferidas de um ano para o outro. Por esse critério, 97,6% do Orçamento estaria engessado.

A busca de medidas para diminuir o engessamento orçamentário cresceu depois que o Congresso aprovou o teto de gasto em 2016 - o limitador do crescimento das despesas com base na inflação que comprime ainda mais o espaço para investimentos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a ensaiar a elaboração de um pacotão de medidas para diminuir o excesso de rigidez e vinculações do Orçamento, mas, devido às negociações políticas para a campanha eleitoral, deixou de lado as discussões com a equipe econômica.

O economista Marcos Lisboa, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e presidente do Insper, afirma que, nesse ritmo, os gastos obrigatórios vão sufocar as outras despesas da União. "O País está de mãos atadas. Para pagar s gastos obrigatórios, teremos de cortar investimentos, programas sociais e políticas públicas importantes, como Ciência e Tecnologia", afirma.

Ele lembra que o engessamento veio com a Constituição e as várias emendas editadas depois. Durante a vigência da intervenção militar no Rio, o governo não pode apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e reduzir esses gastos.

+ Quando é melhor entregar a declaração de IR?

Para calcular o grau de engessamento do Orçamento, o Tesouro fez uma escala gradual de rigidez que vai de 1 (menor) a 5 (maior). No nível 5, estão benefícios previdenciários e assistenciais, gastos de pessoal, abono e seguro desemprego e emendas parlamentares obrigatórias. São despesas previstas no Orçamento e com regras claras de acesso e vigência dos benefícios.

No nível 4, foram incluídas despesas de custeio de saúde e educação, que respeitam gastos mínimos, e complementação do Fundeb e repasses obrigatórios ao Distrito Federal. Gastos com o Bolsa Família e direitos dados a setores vulneráveis por meio de lei ordinária estão no nível 3. No nível 1 de rigidez, entram as demais despesas que não podem ser submetidas ao contingenciamento e estão previstas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

O estudo do Tesouro mostra aumento das despesas com nível 1, 2 e 3, que chegaram a alcançar 14,7% de participação no total de gastos rígidos em 2015. Em 2001, esse patamar inicial era de 4%. Chama atenção o fato de que, a partir de 2015, início da crise econômica mais recente, as receitas recorrentes do governo passaram a não ser suficientes para bancar as despesas rígidas. Essa realidade agravou os desequilíbrios das contas públicas porque revela o grau de dependência das receitas extraordinárias para financiar a expansão das despesas, principalmente as obrigatórias.

O Tesouro alerta que o nível de rigidez das despesas públicas está em patamares demasiadamente elevados para um adequado "manejo" da política fiscal, o que tem tornado mais difícil implementar o corte do Orçamento para o cumprimento da meta fiscal de 1% do PIB (porcentual que permite estabilizar num cenário mais otimista o endividamento público). Para atingir essa meta, a estimativa é de que o indicador de rigidez deveria ficar entre 80% e 85%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo e Estadão Conteúdo. 

PARTILHE ESTA NOTÍCIA

RECOMENDADOS

economia Dinheiro Há 9 Horas

Entenda o que muda no salário mínimo, no abono do PIS e no BPC

mundo Estados Unidos Há 9 Horas

Momento em que menino de 8 anos salva colega que engasgava viraliza

fama Patrick Swayze Há 23 Horas

Atriz relembra cena de sexo com Patrick Swayze: "Ele estava bêbado"

brasil Tragédia Há 2 Horas

Sobe para 14 o número desaparecidos após queda de ponte

brasil Tragédia Há 10 Horas

Vereador gravou vídeo na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira pouco antes de desabamento

tech Aplicativo Há 9 Horas

WhatsApp abandona celulares Android antigos no dia 1 de janeiro

fama Emergência Médica Há 10 Horas

Gusttavo Lima permanece internado e sem previsão de alta, diz assessoria

fama Condenados Há 17 Horas

Famosos que estão na prisão (alguns em prisão perpétua)

brasil Tragédia Há 9 Horas

Mãe de dono da aeronave que caiu em Gramado morreu em acidente com avião da família há 14 anos

fama 80s Há 19 Horas

Os casais mais icônicos dos anos 1980