Polícia e Procuradoria apuram manipulação de resultados na Paraíba

Além de manipulação de resultados, a Operação Cartola investiga adulteração de documentos, interferência em decisões da justiça desportiva e desvio de valores relativos às partidas de futebol profissional

© Getty Images

Esporte SUSPEITA 10/04/18 POR Folhapress

Nesta segunda-feira (9), a Polícia Civil da Paraíba e o Ministério Público do estado deflagraram operação contra a corrupção no futebol paraibano intitulada Operação Cartola.

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De acordo com comunicado oficial emitido, o objetivo é "apurar os crimes cometidos por uma organização composta por membros da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (CEAF), Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba (TJD/PB) e dirigentes de clubes de futebol do Estado". A manipulação de resultados é um dos focos da operação.

De acordo com as autoridades envolvidas, serão investigados dois núcleos: o primeiro, com cerca de 80 membros identificados, é formado por membros da FPF, da CEAF e dirigentes de futebol profissional. Este grupo, de líderes, é responsável pelas decisões mais importantes do futebol do estado.

O segundo núcleo é de pessoas ligadas à CEAF, à FPF e aos clubes e seria composto pelos responsáveis por executar as ordens do primeiro grupo.

Além de manipulação de resultados, a Operação Cartola investiga adulteração de documentos, interferência em decisões da justiça desportiva e desvio de valores relativos às partidas de futebol profissional realizadas na Paraíba.

Com apoio de 230 policiais civis do estado, foram cumpridos 39 mandados de busca e apreensão nas cidades de João Pessoa, Bayeux, Cabedelo, Campina Grande e Cajazeiras. Por questão de sigilo, maiores detalhes só poderão ser divulgados ao fim da operação.

A reportagem apurou que estão entre os alvos dos mandados Amadeu Rodrigues, presidente da FPF, Rosilene de Araújo Gomes, ex-presidente da FPF, José Renato, presidente da Comissão de Arbitragem, Lionaldo Santos, presidente do Tribunal de Justiça Desportiva, Zezinho, presidente do Botafogo-PB, e Juarez Lourenço, presidente do Treze-PB, além dez árbitros.

Os envolvidos podem responder processo ao menos por organização criminosa, falsidade ideológica e manipulação de resultados, crime contra o Estatuto do Torcedor. As autoridades locais estão abertas a denúncias sobre o tema.

Procurado pela reportagem, Amadeu Rodrigues se manifestou em nota oficial divulgada pela assessoria de imprensa da FPF.

"Todo o corpo de dirigentes e funcionários da Federação Paraibana de Futebol foi surpreendido com a atitude drástica realizada, posto que o corpo jurídico disponibilizou antecipadamente (Março/18) e de forma espontânea a abertura dos sigilos bancários, telefônicos e fiscais, não só da FPF (PB), como também de seu presidente, demonstrando a completa tranquilidade e apoio às investigações", afirmou o dirigente.

Em outro trecho da nota, Rodrigues explicou que ele não tem qualquer ingerência sobre o TJD ou a Comissão de Arbitragem. "A Federação Paraibana de Futebol e o Tribunal de Justiça Desportiva são órgãos autônomos, assim como a Comissão de Arbitragem (CEAF), inexistindo qualquer ingerência por parte do Presidente da FPF (PB) nas instituições citadas. Ao inverso, é da praxe da nova administração a completa isenção e apoio a autonomia dos participes do nosso futebol", declarou.

O Botafogo-PB, que neste domingo (8) conquistou o bicampeonato estadual, após vencer o Campinense por 2 a 0, também divulgou uma nota oficial a respeito das investigações.

"O Botafogo Futebol Clube vem a público informar que, diante das informações veiculadas acerca da Operação Cartola, está à disposição das autoridades, colaborando com as investigações. O clube reitera a importância da lisura nos certames esportivos no estado, ao passo que acompanha com tranquilidade o desenrolar das investigações", declarou a direção do clube.

STJD

Procurado pela reportagem, o procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD, Felipe Bevilacqua, informou que o órgão tem poder para afastar o atual presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF), Amadeu Rodrigues, do cargo. Porém, precisa de provas concretas.

"Temos poder para afastar, sim, mas precisamos ter provas e documentos. Com base nas notícias [da imprensa] já posso requerer às autoridades documentos e o procedimento, mas eles não são obrigados a fornecer. O ideal seria os interessados nos fornecer as provas e documentos", disse Bevilacqua.

Atual vice-presidente da Federação e desafeto de Amadeu Rodrigues há longo tempo, Nosman Barreiro se manifestou sobre a operação e disse ser um dos autores das denúncias encaminhadas aos órgãos competentes.

"Já foram protocoladas notícias de infração perante a comissão de ética da CBF, bem como serão adotadas as demais medidas cabíveis ao caso".

Em nota divulgada à imprensa, Barreiro negou que esteja sendo investigado e também que tenha sido alvo de busca e apreensão. Mas fez críticas à gestão do futebol paraibano.

"Questiono neste momento, o que fora feito no futebol paraibano em relação a profissionalismo, transparência e ética? Respondo: absolutamente nada. Já foram protocoladas notícias de infração perante a comissão de ética da CBF, bem como serão adotadas as demais medidas cabíveis ao caso, que entendermos necessárias", afirmou o dirigente. Com informações da Folhapress.

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