© Nacho Doce / Reuters
Em Lisboa para uma maratona de encontros com políticos e acadêmicos europeus, o pré-candidato à Presidência Guilherme Boulos (PSOL) fez uma convocação para uma campanha internacional de denúncia à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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"Quem achar que isso para no Lula não está entendendo a gravidade do processo que está acontecendo no Brasil", disse o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).
"Estamos vivendo a maior crise democrática desde o fim da ditadura no Brasil. O Lula está preso por razões políticas, condenado sem nenhuma prova. Isso tem de ser denunciado", afirmou.
O pré-candidato do PSOL foi a estrela do evento "Pela Defesa da Democracia Brasileira", organizado pela Fundação José Saramago, que reuniu nomes da esquerda da Europa em um teatro lotado no centro de Lisboa nesta quinta (12).
Também pré-candidata ao Planalto, a deputada estadual Manuela d'Ávila (PCdoB-RS) cancelou na véspera sua participação no evento devido à morte de seu padrasto. Ela enviou uma gravação com mensagens de apoio a Lula e a Boulos.
Daqui a duas semanas, o psolista fará uma viagem à França e Inglaterra com o objetivo de também chamar a atenção para, em suas palavras, "a prisão arbitrária e política" de Lula.
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Bastante elogiado pelo petista no último discurso antes da prisão, Boulos disse que ainda é cedo para falar em uma candidatura unida das esquerdas em um cenário em que a candidatura de Lula venha a ser impedida.
"A gente não deve antecipar as coisas. A frente que está se discutindo agora é uma frente de esquerda, com candidaturas que são legítimas. São candidaturas que expressam a diversidade, mas não nos impedem de sentarmos à mesa para defender a democracia no Brasil e barrar a ofensiva fascista", afirmou.
O líder do MTST criticou duramente o juiz federal Sergio Moro.
"Se o juiz Sergio Moro quisesse, dentro da democracia, ser político, que fosse candidato a vereador em Curitiba. E não usasse da sua toga para interferir na democracia brasileira. Que resolvesse ser candidato a Presidente da República e encarasse o debate democrático com o povo brasileiro. E não usasse sua condição de juiz para decidir quem participa e quem não participa do processo democrático. O Lula não está acima da lei, mas também não pode estar abaixo dela", afirmou.
Boulos encerrou pedindo que sua mensagem fosse espalhada pelo mundo. "Quem diria que 30 anos depois da Constituição que selou o fim da ditadura militar brasileira, nós teríamos crimes políticos e presos políticos. Mas é isso que nós temos hoje e o mundo precisa saber disso. O mundo precisa saber que o assassinato da Marielle foi um crime político. O mundo precisa saber que Lula é um preso político. Contamos com todos vocês nessa batalha", encerrou.
CAMPANHA
O evento em Lisboa se tornou uma espécie de campanha internacional pela liberdade de Lula.
Apresentadora do encontro, a escritora Pilar del Río, viúva de José Saramago, afirmou a necessidade de fazer uma ampla mobilização pela libertação do petista.
Um dos principais nomes do pensamento de esquerda português, Boaventura Sousa Santos, professor da Universidade de Coimbra, chegou a defender no palco a candidatura de Lula para o Nobel da Paz.
Ex-ministro e ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro também afirmou que vai se dedicar à campanha internacional de denúncia contra a prisão do petista.
O evento contou ainda com a participação da deputada portuguesa Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, e do espanhol Pablo Iglesias, do Podemos. Com informações da Folhapress.