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Na última década, o que mais se ouve é que a tecnologia vai revolucionar o jeito de contar histórias, com inovações como livros interativos ou realidade virtual. Por isso, chama a atenção ver que haja iniciativas pelo mundo voltando a mais antiga das formas: reunir pessoas em um lugar para narrar histórias em voz alta. Nos Estados Unidos e na Europa, não há uma definição exata -há quem chame de "live journalism" (jornalismo ao vivo) ou teatro documental.
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São iniciativas como The Moth e Pop-Up Magazine, nos EUA; a Live Magazine, na França; a Zetland Live, na Dinamarca; e o Diário Vivo, na Espanha. Com diferentes variações, com jornalistas ou pessoas comuns, todos acontecem no palco.
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Agora, haverá a chance de ver algo do tipo no Brasil: o Festival Serrote, da revista de ensaios do IMS (Instituto Moreira Salles), que acontece nos dias 21 e 22 de abril. O evento traz a São Paulo nomes como o jornalista argentino Martin Caparrós, a peruana Gabriela Wiener e o ensaísta americano Phillip Lopate, entre outros - a ideia é discutir as várias formas que o gênero ensaio pode tomar.
Ao fim do primeiro dia, haverá a apresentação Serrote ao Vivo, em que convidados sobem ao palco para contar histórias -a iniciativa é inspirada naquelas do exterior."Pensei que há um parentesco entre isso e o tipo de ensaio que a gente privilegia.
O ensaio, na sua melhor tradição, é uma conversa com o leitor. Claro que [a Serrote ao Vivo] não é ensaio, mas é uma conversa nesse universo da não ficção", diz Paulo Roberto Pires, editor-chefe da revista e curador do evento.Fora a apresentação de Gabriela Wiener, as outras partem de performances ou textos inéditos.
Participam a crítica literária Amara Moira, o jornalista Chico Felitti, o artista plástico Guto Lacaz e o escritor Joca Reiners Terron, entre outros.
Terron, por exemplo, vai contar sobre sua amizade com o escritor Valêncio Xavier. Quando Xavier morreu, em 2008, o escritor herdou uma coleção de folhetos de videntes e mães de santo -Terron imagina, em sua apresentação, o que Xavier planejava fazer com aquilo.
"Quando a tecnologia é tão central para se relacionar com o mundo, vejo um desejo pela experiência corporificada. Há a experiência coletiva, que produz impacto emocional. No fim, todos nós saímos para beber com o público", diz Tina Antolini, produtora da Popi-Up Magazine.
A iniciativa, que começou em um bar, tem histórias apresentadas por jornalistas -e hoje tem uma revista impressa, que sai mensalmente no San Francisco Chronicle e no Los Angeles Times.
Já no The Moth, de Nova York, que virou também podcast e rendeu o livro "Tudo Que É Belo" (Todavia), narrado por pessoas comuns.
"Não temos repórteres no palco. Não acho que o que fazemos tenha nada a ver com jornalismo. Algumas pessoas têm falado em teatro documental", diz Catherine Burns, curadora do projeto.
Todas as iniciativas do tipo têm um ar de revista de variedades -a francesa Live Magazine chega a ser pensada em editorias. O evento da Serrote, por sua vez, vai remeter à estrutura da revista também."Haverá uma folha de rosto, uma carta do editor, que eu vou apresentar...", diz Paulo Roberto Pires. Com informações da Folhapress.
FESTIVAL SERROTE
QUANDO 21 e 22 de abril, às 15h
QUANTO grátis (senhas serão distribuídas uma hora antes)
ONDE Instituto Moreira Salles - av. Paulista, 2424, Consolação, tel. (11) 2842-9120