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Hoje (26), durante a solenidade de entrega do documento na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, em uma cadeira de rodas e com dificuldades na fala, a mãe de Alex, Zilda Xavier Pereira, disse apenas que estava “aliviada”.
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“Isso representa para a família a conclusão de um luto, de uma busca, saber que realmente conseguimos resgatar e dar uma sepultura digna para ao nosso irmão. Uma sensação de conforto que muitas famílias ainda não têm”, salientou Iara Xavier Pereira, irmã de Alex. Esse foi apenas mais um capítulo de dor da família. Além de Alex, assassinado aos 22 anos, Arnaldo Cardoso Rocha e Iuri Xavier Pereira, tio e irmão dele também foram vítimas da repressão militar.
Segundo Iara Xavier, a identificação só foi possível pela persistência da família. Foram várias frustrações com resultados negativos de exames e dificuldade para fazer análises que comprovassem que os restos mortais encontrados em uma sepultura clandestina, no Cemitério Dom Bosco (Perus), em São Paulo, eram do estudante secundarista.
“Com a anistia e o meu retorno, fizemos a conexão do modus operandi da repressão que, para sumir com os corpos, eram usados documentos e nomes falsos. Naquela época, não existia [exame de] DNA e a família não tinha a ficha dentária. Passado um período, achamos uma sepultura e, pelo sorriso - arcada dentária - e uns fios de cabelo vermelhos haveria um indício que seria ele, mas a dúvida ficou”, explicou a irmã do militante da ALN.
A família levou os restos mortais para a Argentina e identificaram apenas os restos mortais de Iuri. “Em abril do ano passado, fizemos uma nova tentativa, com nova coleta de material, um osso do fêmur, que a Polícia Federal pode, finalmente, dizer que era ele".
A partir da confirmação dos restos mortais de Alex, a Comissão Mortos e Desaparecidos Políticos intensificará as análises de material genético encontrado no local. “A identificação do Alex e do Arnaldo e o Iuri reafirma esse compromisso do Estado e nos reabastece a esperança de que é possível dar uma resposta as demais famílias de mortos e desaparecidos, hoje estimadas em 148”, disse o coordenador da comissão Gilles Gomes.
Hoje será firmado um protocolo entre a Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos; a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, da Câmara dos Deputados; e a prefeitura de São Paulo. O objetivo é oficializar a retomada dos trabalho de identificação dos restos mortis encontrados em Perus. “Nos próximos dias, junto com os familiares e o Ministério Público Federal, vamos estabelecer um cronograma para que até o final do ano possamos por fim a primeira etapa da identificação dos restos mortais de Perus, com a análise antropológica”, acrescentou Gomes.