© José Cruz/Agência Brasil
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não compareceu à cerimônia em que seria condecorada pelo presidente Michel Temer com a insígnia da Ordem do Rio Branco.
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Segundo a equipe dela, a ausência se deveu a uma agenda cheia de compromissos, na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República), que já estavam programados para esta sexta-feira (20).
Em fevereiro, ela pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) a inclusão do nome do presidente no chamado inquérito do "quadrilhão do MDB", que apura supostos pagamentos ilícitos feitos pela Odebrecht à sigla.
Ela também alegou haver inconstitucionalidade em medida provisória que concedeu foro privilegiado ao ministro Moreira Franco, um dos maiores aliados do presidente, com a criação da Secretaria-Geral.
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Os dois episódios amargaram a relação entre Dodge e Temer, que foi o responsável pela indicação dela para o comando do Ministério Público Federal.
Mesmo com a ausência de Dodge, o Ministério de Relações Exteriores enviará a insígnia posteriormente à agraciada.
Em outubro, Dodge compareceu à cerimônia em que recebeu das mãos de Temer insígnia da Ordem do Mérito Aeronáutico. No ano anterior, a mesma honraria foi dada pelo presidente ao ex-procurador-geral Rodrigo Janot.
Ao todo, cerca de cem pessoas foram agraciadas com honrarias, entre políticos, militares e diplomatas. A homenagem também foi recebida por ministros da gestão emedebista, como Torquato Jardim (Justiça), Gilberto Occhi (Saúde) e Gustavo Rocha (Direitos Humanos).
A insígnia é entregue a pessoas que, na avaliação do governo federal, se distinguiram por "serviços meritórios" e por "virtudes cívicas".
Antes da entrega, Temer participou de formatura de diplomatas, no Palácio do Itamaraty. A turma fez uma homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março, um mês depois da decretação pelo presidente da intervenção federal no Rio de Janeiro.
Até o momento, o interventor Braga Netto não conseguiu solucionar o crime. A principal suspeita é de que ela tenha sido executada por milícias, que eram criticadas pela vereadora em sua vida pública.
Os pais da vereadora compareceram à formatura. Em discurso, Temer chamou de "inaceitável" e "covarde" o assassinato e disse que não conseguiram matar o que ela representou na defesa dos direitos humanos.
"As investigações sobre o crime avançam com método e critério e as autoridades trabalham para que os responsáveis sejam identificados e levados à Justiça", disse.O ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, disse que não conseguirão assassinar Marielle uma segunda vez por meio da divulgação de calúnias.
"O nome dela não será esquecido, porque os valores que ela defendeu são amplamente compartilhados pela sociedade brasileira. O Brasil não aceitará discriminação, violência e intolerância", disse. Com informações da Folhapress.