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"Nossa, que sonho!", disse uma mulher para o marido (namorado?) aos primeiros acordes de "Weird Fishes/Arpeggi", a décima quinta música tocada pelo Radiohead no Allianz Parque, em São Paulo, neste domingo (22).
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Parecia mesmo um sonho, porque esta é apenas a segunda passagem pelo Brasil dessa banda inglesa criada no final dos anos 1980. A primeira foi num distante 2009. Mas também porque "Weird Fishes/Arpeggi" é uma faixa que nos lembra que o Radiohead também sabe fazer hits.
Não que este quinteto formado por Thom Yorke (vocal), Jonny Greenwood (guitarra e teclados), Ed O'Brien (guitarra), Colin Greenwood (baixo) e Philip Selway (bateria) não esteja acostumado com o sucesso -está, mas isso principalmente quando o Radiohead era um grupo do século 20 que fazia um rock mais ou menos dentro dos padrões pop.
São daquela época coisas como "Creep" (que não apareceu na apresentação paulistana), "Fake Plastic Trees" e "No Surprises" (ambas tocadas).
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O Radiohead do século 21 é outra banda. Menos interessada em riffs de guitara ou refrões e mais preocupada com a construção de climas por meio de experimentações com teclados, sintetizadores, samples e guitarra.
Mas este novo Radiohead, em meio a toda a ousadia estética, ainda emociona com canções tão lindamente produzidas, como "Weird Fishes/Arpeggi" e "There There", que encanta levada pelo ritmo da bateria.
Foram 26 músicas tocadas em 2h16 de duração. Faixas dos álbuns mais recentes, como "Daydreaming", "Myxomatosis", "15 Step", "All I Need", "The Numbers", "Bloom", "2 + 2 = 5" e "Present Tense" funcionam muito mais como um todo do que como partes autônomas. Criam uma atmosfera em que o barulho das guitarras altas e distorções sonoras, acompanhadas pelo vocal etéreo e abstrato de Thom Yorke exalam desespero, raiva, angústia. Mas linhas melódicas lindíssimas de piano e o violão intimista de Yorke parecem iluminar a escuridão.
De acordo com os organizadores, 30 mil pessoas assistiram à apresentação. Um detalhe importante que atrapalhou muita gente que estava na pista foi a altura do palco, mais baixa do que de costuma ser em shows em estádio. Para quem estava na pista comum (e não na premium), foi difícil ver Thom Yorke até mesmo pelos telões (pequenos e que passaram boa parte do tempo exibindo imagens sobrepostas dos integrantes da banda). Com informações da Folhapress.