Bianca Comparato surfa na onda da série '3%', que reestreia nesta sexta

Primeira série original da Netflix no Brasil, produção está na segunda temporada

© Divulgação / Netflix

Cultura netflix 25/04/18 POR Folhapress

THALES DE MENEZES - Aos 32 anos, a carioca Bianca Comparato é cidadã do mundo. E nem precisa viajar para demonstrar isso. Ela pode aparecer como Michelle, a protagonista da série "3%", em qualquer casa por aí que tenha acesso à Netflix.

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A série brasileira de ficção científica, cuja segunda temporada estreia nesta sexta (27), não é coadjuvante na plataforma online de vídeo.

Atração em língua não inglesa mais assistida em 2017 pelos assinantes nos EUA, "3%" é destaque da internacionalização da Netflix via lançamentos globais simultâneos, ao lado dos violentos policiais escandinavos e do fenômeno espanhol "La Casa de Papel".

"Penso muito nisso, na audiência global. Uma amiga minha disse noutro dia que estava viciada numa série sueca e numa alemã. Sei que, além dos Estados Unidos, '3%'faz um baita sucesso na França", diz Comparato.

Para a atriz, na Netflix a globalização deu certo. "Muitas paredes foram construídas no mundo, mas no sentido de entretenimento muitas caíram."

Na verdade, "3%" é de fato só uma porcentagem na presença midiática da atriz.

Ela terá diversos nomes em quatro longas. Foi Sofia em "Todas as Razões para Esquecer", lançado em março. Katy é seu personagem em "Talvez uma História de Amor", que sairá em junho. No segundo semestre, aparece como Lara no terror "Morto Não Fala"; e interpreta cinco mulheres na cinebiografia de Erasmo Carlos, "Minha Fama de Mau".

A depender do cronograma de lançamentos do canal HBO, ainda neste ano Comparato deve mostrar seu primeiro projeto como diretora.

Ela toca há um ano e meio, com privacidade e sem pressa, um documentário sobre ideias feministas da escritora e ensaísta Rosiska Darcy de Oliveira, membro da Academia Brasileira de Letras.

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"É uma mulher muito importante para o movimento feminista, está na ABL, escreve em jornal. É incrível ver algumas ideias dela publicadas nos anos 1970 serem ainda tão relevantes. Conversar com ela me inspirou muito. E acho que ela me viu como alguém para ampliar sua voz", afirma.

O filme é uma entrevista com a escritora, editada com apoio de imagens de arquivo que Comparato considera condizentes com sua proposta de retratar o feminismo.

"É um filme conceitual, de ideias. Não é um documentário observacional sobre a vida dela. Quero construir um pensamento sobre a luta das mulheres." A data de lançamento depende da HBO, que abraçou o projeto antes das filmagens.

A atriz reconhece que "3%" é determinante para seu momento profícuo e se entusiasma ao falar da série, que se passa em um futuro distópico onde jovens disputam um processo seletivo para viver no conforto da elite.

"A segunda temporada foi uma consequência, e é um símbolo de que a coisa deu certo. A Netflix tratava meio como primo pobre. 'Puxa, quer fazer coisa em outras línguas? Não vai dar certo, mas toca aí pra ver no que dá.', era essa a expectativa."

A acelerada expansão transformou a Netflix, e o departamento internacional superou o da matriz americana. No último ano, a base de assinantes cresceu 11,5% nos EUA (56,7 milhões de usuários)e 42,6% pelo mundo (68,3 milhões).

No primeiro trimestre do ano, a Netflix faturou cerca de R$ 12,6 bilhões. Ao longo do ano a empresa deve investir até R$ 27 bilhões na produção de conteúdos originais, como séries, filmes e especiais.

"No início, nosso contato na Netflix era diretamente com o vice-presidente, porque não tinha ninguém designado para cuidar da gente. Eles viram um piloto da série no YouTube e quiseram fazer. Uma coisa muito pequenininha. Cresceu demais, e a gente é um reflexo disso", relata Comparato.

A atriz acabou entrando na mira do mercado internacional. É reconhecida em restaurante de Los Angeles, dá entrevistas fluentes em inglês (foi alfabetizada primeiro nesse idioma) e tem contrato com uma agência americana para gerenciar a sua carreira.

Por outro lado, afirma que gostaria de voltar a trabalhar com diretores com os quais fez trabalhos marcantes. Como Felipe Hirsch, que a dirigiu na minissérie "A Menina sem Qualidades" (2013), na MTV, e Amora Mautner, em "Avenida Brasil" (2012), na Globo.

"Estou esperando convite para ser vilã em novela. É um sonho. E é sério!", diz, rindo.

"E queria fazer no cinema a Maria Ester Bueno", referindo-se à tenista brasileira que venceu os maiores torneios do mundo nos anos 1950 e 60. "Sou viciada em filme de tênis. Adoro todos, os bons e os ruins". Com informações da Folhapress.

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