Estudantes querem “praças da resistência” em toda a Venezuela

Dezenas de estudantes declararam, nesse domingo (30), uma praça a leste de Caracas como "praça da resistência", onde leram um manifesto e pediram à população que reproduza a iniciativa em toda a Venezuela. Trata-se da Praça Alfredo Sadel, uma importante área de Las Mercedes, de classe média alta.

© Reuters

Mundo Caracas 31/03/14 POR Agência Brasil

"Hoje, batizamos essa praça como 'Praça da Resistência", para mostrar a constância da nossa disposição inquebrantável de conquistar a liberdade", disse um dos estudantes ao ler o manifesto. "Instamos o povo a transformar esta praça em um centro de debate, organização, expressão e participação de todos os que decidam lutar até vencer. Que venham lutar junto dos que querem substituir este regime por outro de Justiça, liberdade e progresso", explica o texto.

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O manifesto, que foi distribuído aos presentes, destaca que os jovens querem abrir caminho a uma geração que está decidida a ser livre e a construir essa liberdade. "Vamos nos levantar ainda que outros se rendam. Não pediremos licença para isso".

O documento informa que, nos últimos 15 anos, mais de 200 pessoas foram assassinadas na Venezuela e que a "insegurança, a escassez causada pela destruição da produção nacional, a entrega progressiva da riqueza e soberania a países ou potências estrangeiras, a corrupção, a supressão e coação progressiva da liberdade de expressão tornam inevitável a resistência democrática do povo".

Os estudantes "exigem" a liberdade de "todos os cidadãos, políticos e estudantes detidos injustamente" pelo Estado na sequência de mobilizações, "a cessação da impunidade e o desarme imediato dos 'grupos de terror' que têm atuado sob a coordenação evidente de alguns oficiais da polícia e da Guarda Nacional Bolivariana (Polícia Militar)". Exigem ainda que sejam investigados os 39 assassinatos ocorridos desde fevereiro no país e as denúncias de tortura.

Por outro lado, os estudantes convocam os venezuelanos "para uma luta firme e sem descanso" e apelam para que se organizem em assembleias populares e "rompam uma falsa polarização" política, acrescentando que se trata "da unidade do povo para lutar pelo que é justo para todos".

"Que sejam milhares as 'praças da resistência' em todo o país. Que esta não seja a única e que apenas seja o começo de uma nova história de liberdade", diz o manifesto.

Há seis semanas, são registrados diariamente protestos na Venezuela, com situações de violência que já causaram pelo menos 39 mortos, 81 denúncias de violações de direitos humanos e danos materiais.

O governo venezuelano insiste que está em curso um "golpe de Estado continuado" contra o presidente legitimamente eleito Nicolás Maduro.

O governo culpa a oposição pela violência e a oposição diz que a responsabilidade é do Executivo.*Com informações da Agência Lusa

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