Após afagos, Macron pede a Trump que retome Acordo de Paris

Visita oficial do presidente francês aos Estados Unidos terminou nesta quarta-feira (25)

© Jonathan Ernst / Reuters

Mundo Meio Ambiente 26/04/18 POR Folhapress

Emmanuel Macron, após dois dias de troca de elogios com Donald Trump, fez um discurso incisivo no Congresso dos EUA nesta quarta (25), último dia de sua visita de Estado aos EUA.

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A senadores e deputados americanos, o presidente francês citou a "ilusão do nacionalismo", criticou o efeito de uma potencial guerra comercial, defendeu o Acordo de Paris sobre o clima –do qual ogoverno Trump se prepara para desligar-se– e pediu que os EUA se integrem ao que chama de novo multilateralismo.

"Não compartilho do fascínio por novos grandes poderes, pelo abandono da liberdade e pela ilusão do nacionalismo", disse, sob ovação de republicanos e democratas.

Trump foi eleito sob o bordão do "América Primeiro" e tem tomado medidas que priorizam os interesses dos EUA e distanciam o país de acordos e tratativas multilaterais.

"O isolacionismo pode ser tentador como remédio temporário para nossos medos. Mas fechar as portas não irá parar a evolução do mundo. Não podemos deixar a escalada do extremo nacionalismo abalar o mundo", discursou.

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O francês, que na visita buscou ressaltar convergências com Trump, no Congresso destacou as diferenças.

Disse que uma guerra comercial, como a que se pronuncia entre EUA e China, não é "a resposta apropriada" para os desequilíbrios existentes e pediu soluções negociadas em fóruns como a Organização Mundial do Comércio. "Nós escrevemos essas regras; devemos segui-las", afirmou.

Em alusão à violação de dados de usuários do"Facebook, pediu que os EUA regulem os abusos do capitalismo e protejam a privacidade digital, e, evidenciando a diferença entre o liberalismo americano e o europeu, defendeu regulações financeiras para frear a especulação e proteger a classe média de crises financeiras.

Mas o ápice do discurso foi a defesa do Acordo de Paris sobre o clima, fechado em 2015 com outros 173 países e a União Europeia para manter o aumento da tempertura do planeta em 2°C neste século.

"Não há Planeta B", disse o francês, repetindo o que virou seu bordão, sob aplausos dos democratas e de raros republicanos. "Precisamos fazer nosso planeta grande de novo", afirmou, mimetizando o slogan da campanha de Trump.

Macron defendeu a transição para uma nova economia como forma de preservar empregos –na contramão de Trump, cujo discurso antiambiente visa a indústria carvoeira americana e os votos que ela representa– e pediu que todos trabalhem juntos.

Ele também urgiu os EUA, que sob Trump têm esvaziado sua participação em organismos internacionais e reduzido a atuação diplomática, a participarem da construção de uma nova ordem que fortaleça o multilateralismo.

"Os EUA foram os inventores do multilateralismo. Vocês são os que precisam ajudar a preservá-lo e a reinventá-lo".

Apesar do discurso desta quarta, o saldo maior da visita na mídia americana é um inesperado "bromance", gíria para a amizade próxima e o encantamento entre dois homens heterossexuais.

A palavra foi usada pelo New York Times para definir a troca de abraços, toques e beijinhos no rosto entre os presidentes, que o humorista e apresentador Trevor Noah chamou, em seu Daily Show, de "a Bela e a Fera".

A proximidade física, contudo, não deu provas ainda de refletir alinhamento político. Para alguns analistas, o jogo de cena oculta uma competição por protagonismo.

"É um cálculo lógico com base no fato de os EUA serem o país mais poderoso no mundo", diz Benjamin Haddad, pesquisador do Hudson Institute. "Tapinhas nas costas e longos apertos de mão não são um sacrifício a essa altura". Com informações da Folhapress.

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