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O filme é uma cinebiografia de Silvio Tendler, um dos mais importantes documentaristas brasileiros. A exibição, com entrada franca, faz parte do calendário de eventos da UFRJ por ocasião dos 50 anos do golpe de 64.
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Com 31 filmes feitos, entre curtas, médias e longa-metragens, Silvio Tendler tem no seu currículo obras que documentam a trajetória política do país antes e durante a ditadura militar, como Os Anos JK (1980), Jango (1984), Marighella – Retrato Falado do Guerrilheiro (2001) e Tancredo, a Travessia (2011). Também é autor de O Mundo Mágico dos Trapalhões (1981), o documentário de maior bilheteria da história do cinema brasileiro, assistido por 1,8 milhão de espectadores. Em 2011, Tendler sofreu uma grave doença que o deixou tetraplégico. Após delicada operação na medula, ele foi aos poucos recuperando as forças e a vontade de viver e de criar. A Arte do Renascimento registra esse momento da vida do cineasta.
“Durante quase um ano, ele ficou paralisado, sem poder se mexer. Nas visitas que fiz a ele, fui percebendo a sua dimensão como ser humano e, ao mesmo tempo, o que representa o seu trabalho. E senti a necessidade de documentá-lo. Quando ele começou a se mexer, eu estava perto e gravei os primeiros passos dele”, conta o diretor Noilton Nunes. Também roteirista, produtor e professor de cinema, Noilton conhece Tendler desde os anos 70, quando ambos faziam parte da geração de cineclubistas.
O filme, que teve uma pré-estreia em novembro do ano passado, no encerramento do Festival de Cinema de Arquivo (Recine), no Arquivo Nacional, ficou pronto em junho de 2013, no momento em que o país era sacudido por grandes manifestações populares. “Eu percebi que o percurso do Tendler como documentarista e os trechos de sua obra selecionados para o meu filme ajudam a explicar ao espectador porque aconteceram as recentes manifestações”, diz Noilton.
Localizada na Avenida Rui Barbosa, 762, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio, a atual sede do CBAE abrigou de 1973 a 1995 a Casa do Estudante Universitário. No final da década de 70, quando teve início o processo de abertura do regime militar, lá se reuniam partidos políticos ainda confinados à ilegalidade, movimentos sociais e o Comitê Brasileiro pela Anistia. O prédio foi construído em 1922, quando o Rio sediou a Exposição do Centenário da Independência, para ser um hotel, e depois foi ocupado pela Escola de Enfermagem da UFRJ.