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A ministra do Interior do Reino Unido, Amber Rudd, renunciou neste domingo (29), depois de o governo de Theresa May enfrentar uma polêmica envolvendo supostas metas de deportação de imigrantes ilegais.
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Rudd era uma das mais próximas aliadas de May e uma franca voz pró-Europa em seu gabinete -que enfrenta as negociações finais para consolidar a saída do Reino Unido da União Europeia.
Ela vinha enfrentando críticas e pedidos de demissão nos últimos dias, depois que evidências contradisseram falas suas ao Parlamento negando que tivesse conhecimento dessas metas.
Na carta em que entregou o cargo, Rudd disse que "inadvertidamente" confundiu a Comissão de Assuntos Domésticos do Parlamento na última quarta-feira (25) ao negar o assunto. Um vazamento de documentos mostrou que tais metas existem, sim.
Neste domingo (29), o jornal britânico The Guardian revelou que, em uma carta escrita por Rudd em 2017 para May, ela cita para a primeira-ministra um objetivo "ambicioso, mas plausível" de aumentar a deportação de imigrantes ilegais em 10%.
O jornal afirma que a ministra deveria falar à Câmara dos Comuns nesta segunda, em uma sessão que tinha a expectativa de ser tensa, mas que, com as revelações que vieram à tona, concluiu que o melhor a fazer era pedir demissão.
"Eu deveria estar ciente disso [metas de deportação] e assumo total responsabilidade por não ter estado."
Rudd falou à Comissão de Assuntos Domésticos sobre um caso envolvendo imigrantes caribenhos tachados de ilegais. Nas últimas duas semanas, o governo tem enfrentado uma batalha para explicar por que descendentes da chamada geração Windrush têm tido direitos negados.
O nome faz referência a um navio que esteve entre os primeiros a transportar trabalhadores de colônias britânicas no Caribe para o Reino Unido para ajudar a diminuir o déficit de força de trabalho depois da Segunda Guerra Mundial. Quase 500 mil pessoas fizeram parte desse movimento entre 1948 e 1971.
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"Nós desapontamos vocês, e eu sinto muito", disse Theresa May. O governo prometeu conceder cidadania e compensar os problemas causados aos afetados, que perderam o emprego, foram ameaçados de deportação e tiveram direitos negados.
"O escândalo Windrush acertadamente iluminou um tema importante para o país", disse Rudd, em sua carta de demissão.
O caso trouxe à tona também questionamentos sobre a época em que May exerceu o cargo de ministra do Interior, antes de se tornar primeira-ministra.
O Partido Trabalhista, de oposição a May, que vinha repetidamente pedindo a renúncia de Rudd, disse que a primeira-ministra também é responsável pelo caso e deveria esclarecer seu papel nas políticas de imigração do governo.
"A arquiteta dessa crise, Theresa May, deve agora vir a público dar uma resposta imediata, completa e honesta de como essa situação indesculpável aconteceu sob seus olhos", disse Diane Abbott, porta-voz dos trabalhistas para assuntos domésticos.
Ela convocou May para falar à Câmara dos Comuns sobre a questão.
A saída de Rush se dá quatro meses depois de um aliado próximo de May, seu então vice-premiê Damien Green, se ver forçado a deixar o cargo após um escândalo de pornografia.
O nome do novo ministro do Interior é esperado para os próximos dias. Com informações da Folhapress.