© Ricardo Stuckert 
"Eu provavelmente não serei candidato." A negativa que tem sido repetida pelo presidente da Coteminas, Josué Alencar (PR), não tem convencido nem a classe política nem o setor empresarial.
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Com um perfil considerado ideal para o posto de vice-presidente, a esquerda e a direita iniciaram uma disputa para dobrar a resistência e conquistar o passe do "menino do Lula", apelido dado ao empresário pela proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
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"Ele é a noiva mais disputada da eleição presidencial deste ano", resumiu o líder do PR na Câmara dos Deputados, José Rocha, partido a que o filho do ex-presidente José Alencar se filiou neste mês.
A última ofensiva sobre o empresário se deu no início de abril, em São Paulo. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, tentou concretizar mais uma vez o sonho de Ciro Gomes: ter o empresário como companheiro de chapa presidencial.
Em conversa na sede estadual do partido, Josué disse, de acordo com relatos, que tem passado mais tempo no exterior do que no país e que o grupo têxtil não pode prescindir dele neste momento.
A aposta é que, com uma melhor definição do cenário eleitoral, o discurso dele mude. Como afirma uma pessoa próxima da família, Josué é desconfiado como o pai: mantém sempre "três pés atrás".
O capital político do empresário é disputado, além do PDT, por PT, PRB e MDB. Além de ter recursos próprios para financiar uma campanha eleitoral, Josué tem interlocução com o mercado financeiro e apoio em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país.
O partido do presidente Michel Temer até tentou mantê-lo na sigla, com o argumento de que ele é um quadro que teria futuro no MDB. "Ele tem tamanho e estatura política suficientes para formar qualquer chapa na disputa nacional", disse o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Em sua saída para o PR, o discreto empresário evitava explicar o motivo da troca partidária. Ele só afirmava que pretendia seguir neste ano no campo da centro-esquerda.VICE JOSUÉ
A explicação da mudança remete a encontro entre Josué e Lula em outubro. Em visita à fábrica da Coteminas, durante caravana pelo país, o petista disse ao empresário que queria repetir a chapa que o elegeu presidente em 2002.
"Eu já falei, todo mundo quer. Lula presidente e vice Josué", cantaram os funcionários da empresa.
Segundo amigos de Josué, o convite o animou e o levou a escolher o PR, antigo PL, sigla pela qual seu pai chegou ao posto de vice-presidente. A prisão do petista em abril, contudo, criou incertezas no empresário, mas não no PT, que insiste em uma chapa com ele.
"O sonho de Lula é ter o Josué como vice. Ele estabelece uma ponte importante do partido com o empresariado nacional. Nós trabalhamos ainda com essa hipótese", disse o ex-ministro petista Gilberto Carvalho.
Sem Lula, o PRB, que tentou filiar Josué no início do ano, voltou a cogitar uma dobradinha dele com o amigo Flávio Rocha, pré-candidato presidencial. As posições conservadoras do dono da Riachuelo, contudo, são avaliadas como uma barreira pelo empresário.
Se o PR decidir apoiar neste ano Jair Bolsonaro, do PSL, dirigentes do partido acreditam que Josué deve se voltar para a disputa em Minas Gerais. O governador Fernando Pimentel, do PT, já manifestou interesse em tê-lo como vice.
Como no quadro nacional, contudo, a eleição mineira também passou por um revés para os petistas: foi aberto na semana passada processo de impeachment contra o governador. Com a mudança, dirigentes estaduais do PR passaram a defender o lançamento da candidatura do empresário.
O destino do "menino do Lula", porém, ainda é um mistério. "Sem o Lula, o destino dele segue incerto", conclui o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira. Com informações da Folhapress.