© REUTERS/Mike Blake
Uma longa jornada terminou com uma porta fechada. Os migrantes da América Central que rumaram em caravana até a fronteira com os Estados Unidos ao longo do último mês estão barrados do lado de fora do país enquanto esperam uma audiência com as autoridades americanas.
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Mas esse encontro parece cada vez mais improvável. Guardas no ponto de entrada de San Diego, na Califórnia, dizem que os postos ali atingiram capacidade máxima e não é possível processar mais pedidos de asilo no momento.
Enquanto isso, centenas de imigrantes, a maioria mulheres e crianças vindas de Honduras e de El Salvador, países abalados por uma escalada de violência, vêm passando as noites em abrigos ou dormindo no chão diante da cerca na divisa com o México.
Seguidos por câmeras de televisão ao longo de todo o trajeto, os migrantes da chamada caravana despertaram a ira do presidente Donald Trump, que vem usando o episódio para pedir mais dinheiro do Congresso para a construção do muro na fronteira que prometeu em sua campanha vitoriosa pela Casa Branca.
Trump chegou a ameaçar paralisar o governo mais uma vez em setembro caso parlamentares não aprovem os gastos para reforçar as barreiras.
"Vocês estão vendo essa bagunça que está acontecendo com a caravana vindo para cá? Nossas leis são tão fracas, são patéticas", disse o presidente no fim de semana, discursando para um grupo de apoiadores. Depois, na Casa Branca, Trump lembrou que está mandando homens das Forças Armadas para a divisa.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, também foi até a fronteira, onde disse que esses migrantes são vítimas da exploração de ativistas políticos e de uma "mídia enviesada".
"Homens, mulheres e crianças como os que estão hoje reunidos na nossa fronteira são explorados por traficantes de pessoas e cartéis de drogas que se aproveitam do sofrimento deles para enfraquecer nossas leis e garantir lucros", afirmou Pence a jornalistas.
Qualquer migrante que provar que está fugindo de violência em seu país pode pedir asilo em solo americano, mas o presidente e outros que exigem leis mais duras anti-imigração vêm chamando todos de ilegais e lembrando casos de violência de gangues como a MS-13, grupo surgido em El Salvador, para voltar a opinião pública contra o movimento.
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Nesse ponto, a estratégia de organizadores da chamada caravana é usar uma linguagem que Trump, ex-apresentador de "O Aprendiz", conhece bem. Ao transformar o cortejo em "reality show", chamando a atenção máxima dos canais de notícias que o presidente gosta de ver, eles levaram o tema ao topo de um debate cada vez mais incendiário.
Imagens de mulheres segurando bebês e de homens hasteando bandeiras de seus países no alto da cerca que separa o México dos Estados Unidos turbinaram não só o ódio do presidente mas também uma onda de simpatia de ativistas do outro lado da fronteira.
Em Los Angeles e outras cidades, há uma série de simpatizantes que oferecem suas casas para abrigar os migrantes. Com informações da Folhapress.