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O recado dado pelo Banco Central de que não vai deixar o dólar ter valorização brusca como a registrada na quarta-feira (2) - a moeda ganhou R$ 0,05 na sessão - trouxe alívio aos investidores nessa quinta-feira (3) e contribuiu para que a divisa americana recuasse para R$ 3,53.
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A desvalorização ocorreu um dia depois de autoridade monetária sinalizar que pode oferecer mais contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) do que a quantidade que vence em junho, para tentar conter a alta da moeda americana.
Em junho, vencem US$ 5,65 bilhões em swaps cambiais. Atualmente, o BC tem um estoque de US$ 23,8 bilhões de contratos.
"Mostra que o Banco Central está disposto a intervir, eles foram muito prudentes. Foi inteligente em anunciar que talvez aumente o estoque de contratos. É um sinal ao mercado de que, se ele não ficar feliz com o dólar, pode aumentar o estoque de swaps", afirma José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Ele diz que o dólar deve se acomodar num patamar em torno de R$ 3,50. "Não volta para R$ 3,20, é um patamar novo. O mercado testa, por isso achei inteligente o Banco Central falar que pode atuar para suavizar a alta do dólar."
Para Gonçalves, a recente valorização do dólar teve influência ainda da redução da diferença de juros entre Estados Unidos e Brasil. "A taxa real nos EUA não está mais negativa, essa que é a perspectiva de mudança que atrai investidores para os títulos do país", diz.
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A queda também ocorreu em relação à maioria das moedas globais: 23 das 31 principais divisas ganharam força ante o dólar nessa quinta. Alexandre Wolwacz, sócio-fundador do Grupo L&S, afirma que o recuo do dólar no exterior também colaborou para a queda da moeda americana nessa quinta.
"A expectativa de maior oferta de contratos de swaps pode ajudar a travar o dólar por horas, no máximo. Faz pressão no curto prazo, mas não muda uma tendência da moeda. Se não houvesse essa queda no exterior, a medida anunciada pelo BC poderia não ter impactado o dólar."
Ele afirma que a tendência do dólar tem fundamento. "A economia americana cresce mais rápido do que outras economias mundiais, nós temos uma projeção de crescimento muito baixa no Brasil. Então o mais provável é que o dólar se valorize, o que é ruim, porque pode afetar a inflação e deixar o governo numa saia-justa", afirma.
A preocupação é que esse impacto possa fazer o Banco Central repensar a queda de juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) deste mês, em que se espera uma queda dos juros para 6,25% ao ano.
Mas Gonçalves, do Banco Fator, descarta essa possibilidade. "Não é o suficiente para que o Banco Central não corte os juros. A economia está ruim, não tem ninguém que mantenha a visão de atividade neste ano por causa deste primeiro trimestre. Há um amplo espaço para que o câmbio varie sem pressionar a inflação", diz.
Os investidores aguardam a divulgação de emprego nos Estados Unidos. Em abril, a expectativa é de criação de 192 mil vagas no país. Com informações da Folhapress.