© Alan Santos/PR
Maristela Temer, filha do presidente da República, Michel Temer, prestou depoimento nessa quinta-feira (3) à Polícia Federal (PF), em uma área reservada às autoridades, no Aeroporto de Congonhas.
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Ela chegou ao local por volta das 14 horas, acompanhada do advogado Fernando Castelo Branco, e falou por quatro horas, de acordo com informações do jornal O Estado de S. Paulo.
"Ela prestou todos os esclarecimentos" ao delegado Cleyber Nunes, disse Castelo Branco sobre sua cliente.
Segundo o Jornal Nacional, Maristela contou que o dinheiro gasto com a reforma foi oriundo do seu salário como psicóloga, mais um empréstimo da mãe, no valor de R$ 100 mil, e dois empréstimos feitos por ela mesma no banco.
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Disse, no entanto, que não teria como apresentar todos os comprovantes de pagamentos, e justificou alegando que as obras ocorreram há quatro anos.
A filha de Temer ainda negou que ele tenha ajudado a pagar a reforma, e que Maria Rita e o coronel Lima nunca foram contratados para fazer a obra, muito menos a empresa deles. Completou afirmando que, amiga da família que é, a arquiteta ajudou a pagar alguns fornecedores e até conseguiu descontos.
Maristela também afirmou não acreditar na chance de Maria Rita ter usado dinheiro indevido sem que ela soubesse.
“A Maria Rita prestou esse auxílio por carinho a Maristela. Por conhecer a Maristela desde criança. Esse contato, não foram todas as vezes que a Maria Rita celebrou isso, mas em algumas vezes ela fez o contato direto com os fornecedores, sim”, disse o advogado Fernando Castelo Branco.
Ao ser questionado sobre os custos da reforma, o advogado de Maristela disse que ela não sabia o valor exato, mas que deve ter girado em torno de R$ 500 mil, R$ 600 mil. “Uma estimativa aproximada, talvez em torno disso”.
Entenda
A filha de Temer falou sobre uma reforma que teria sido feita em 2014, em sua residência, pela arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel Lima. As obras estão na mira das investigações, sob suspeita de terem sido pagas com dinheiro de propina.
Sobre a questão, o presidente já deixou clara a sua irritação, durante pronunciamento à imprensa, na sexta-feira (27), quando chegou a acusar os investigadores de vazamentos. Ontem (3), ao ser questionado, reagiu com ironia. "Registre o meu sorriso", disse Temer.
A reforma veio à tona durante a Operação Skala, deflagrada no dia 29 de março, que prendeu amigos de Temer, entre eles o próprio coronel Lima, além do advogado José Yunes e do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB).
As detenções foram autorizadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator do inquérito que investiga Temer por suposto recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário via decreto.
O imóvel em questão está localizado no bairro Alto de Pinheiros, zona oeste de São Paulo, e conta com 350 metros quadrados. Apontada por um dos fornecedores da obra como sendo a responsável por pagar a ele R$ 100 mil em espécie, Maria Rita foi intimada pelo ministro Barroso, durante a operação.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, Piero Cosulich, dono da Ibiza Acabamentos, uma das empresas que entregaram material na residência de Maristela, Maria Rita era quem levava, pessoalmente, o dinheiro na loja.
“Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja. Ela vinha fazer o pagamento. Se estava dentro de um envelope, dentro de uma bolsa, não sei te confirmar”, afirmou Cosulich.
A arquiteta é dona, junto com o marido, da empresa que teria feito a reforma, avaliada em cerca de R$ 1 milhão pela PF.
O Planalto teme que outros familiares do presidente sejam chamados a depor no âmbito das investigações da operação, inclusive a primeira-dama, Marcela Temer. O ex-assessor e amigo de Temer José Yunes confirmou à PF ter vendido uma casa para Marcela em 2010, também no Alto de Pinheiros. O Planalto já divulgou cópia do Imposto de Renda da primeira-dama, afirmando que tudo está declarado.