Frente ampla de esquerda é de ideias e não eleitoral, diz Boulos

Pré-candidato à Presidência pelo PSOL deu a entender que não haverá acordos no primeiro turno entre os diversos candidatos de esquerda

© Nacho Doce / Reuters

Política estratégia 08/05/18 POR Folhapress

O coordenador do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto) e pré-candidato do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, disse nesta terça-feira (8) que uma frente ampla de esquerda no país se limita ao campo das ideias e não extrapola para a questão eleitoral. 

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O recado que Boulos quis dar é que não haverá acordos no primeiro turno entre os diversos candidatos de esquerda, diferentemente do que havia sugerido Manuela D'Ávila, pré-candidata do PC do B. Atualmente, com a impossibilidade de o ex-presidente Lula concorrer, está em discussão uma possível aliança da esquerda já no primeiro turno.

O PSOL é hoje um dos poucos partidos na disputa que lançará chapa puro-sangue. A candidata à vice de Boulos é a liderança indígena Sônia Guajajara, que integra os quadros do partido.

"Estamos muito unidos, temos uma pluralidade de ideias, mas unidos. Não podemos misturar, porém, frente ampla democrática com frente eleitoral", disse Boulos, após discursar em fórum da Frente Nacional de Prefeitos, em Niterói (RJ). 

Segundo ele, seu partido tem candidato próprio e defende o direito de Lula disputar também. Boulos defendeu ainda um indulto para que Lula possa ser liberado de cumprir pena de prisão para disputar nas urnas. 

Na pesquisa de intenção de votos mais recente do Datafolha, publicada em 15 de abril, Boulos aparece sem pontuação nas intenções de voto em cenário com Lula candidato. 

Sem Lula no páreo, com o PT lançando o ex-prefeito Fernando Haddad, e o presidente Michel Temer tentando reeleição, Boulos aparece com 1%. 

Questionado se ele poderá herdar votos de Lula e instado a avaliar a capacidade de transferência de votos do ex-presidente, Boulos evitou fazer prognóstico. Limitou-se a dizer que seu partido terá candidato próprio no pleito deste ano.

O coordenador do MTST não explicou como fará para decolar nas pesquisas. Aproveitou seu discurso para reforçar as bases de sua campanha.

Boulos defende o investimento na área social mesmo em meio à grave crise fiscal do governo brasileiro. Segundo ele, o ajuste fiscal agrava o cenário negativo da economia. 

O pré-candidato defende uma reforma tributária no país, em que os mais ricos pagam mais impostos do que os mais pobres. Entre os tributos a serem criados estaria a taxação sobre lucros e dividendos. 

+ Manuela D'Ávila: Saída de Barbosa não afeta candidatos de esquerda

Outra medida sugerida é que a Cide, imposto que incide sobre os combustíveis, seja direcionada aos municípios com o objetivo de financiar iniciativas de transporte público. 

Boulos criticou o que chamou de "judicialização da política". Citou exemplo da tentativa do então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em aumentar o IPTU, medida que foi inviabilizada em razão de uma decisão judicial. 

"Não é possível que procuradores, promotores, tribunais de contas, que não são eleitos pelo povo, possam interferir em medidas respaldadas pelo voto popular", disse ele. 

Boulos afirmou que a gestão pública de estados e municípios é prejudicada pela Lei de Responsabilidade Fiscal e também o teto dos gastos. 

Segundo ele, os limites de gastos com pessoal pelos governos, por exemplo, cria ambiente propício à corrupção e precariza a relação de trabalho, além de comprometer a capacidade de planejamento dos governos. 

"A Lei de Responsabilidade Fiscal precisa ser revista. É um tabu falar nisso no Brasil, mas temos que dar condição ao gestor de fazer a gestão de seus recursos. O limite de gastos força a terceirizações por organizações sociais e outros modelos que nem sempre atendem ao interesse público", disse. Com informações da Folhapress.

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