Caso Marielle: áudio revela conversa entre vereador e miliciano

Vereador do PHS nega qualquer contato com a milícia

© Tomaz Silva/Ag Brasil/Fotos Públicas

Justiça Caso 14/05/18 POR Notícias Ao Minuto

"Fala, irmão" foi a saudação usada pelo vereador Marcello Siciliano (PHS - RJ) em uma conversa telefônica revelada pela polícia. No telefonema, Siciliano garante a um miliciano que vai acionar o 31º Batalhão da PM para ajudá-lo a prender "uns bandido" que tinham "assassinado" um amigo. "Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo", diz e termina: "Te amo, irmão", finaliza.

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Segundo atesta reportagem do Fantástico, apontado como mentor e mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL - RJ), há dois meses, o vereador nega qualquer contato com a milícia. "Eu sou totalmente contra qualquer tipo de poder paralelo, totalmente contra".

+ Intervenção quer deixar criminalidade no Rio em 'patamares suportáveis'

Siciliano teria bolado o crime junto com o ex-PM e chefe de milícia Orlando Oliveira de Araújo, conhecido como Orlando Curicica. Os nomes de Siciliano e de Curicica foram apontados por uma testemunha chave das investigações, um policial militar que também é miliciano e diz saber quem matou e quem mandou matar Marielle.

Segundo ele, que disse procurado a polícia depois de ter sido ameaçado pelos assassinos, os dois queriam a morte da vereadora porque o trabalho social que fazia ia contra os interesses dele, de expansão da milícia na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Em nota, o vereador negou qualquer participação no crime. Preso em outubro passado, pela morte de um homem que montou um circo, sem autorização, em área que dominava, Curicica também negou, por carta, ter participado do assassinato de Marielle.

Advogado de Curicica, Renato Derlan disse que o Delegado de Homicídios Giniton Lages tinha feito uma proposta para que assumisse as mortes de Marielle e do motorista dela, Anderson Pedro Gomes. "Ou você assume esse crime ou vou 'embuchar' mais dois homícidios na sua conta e lhe transferir para Mossoró", disse Derlan, reproduzindo suposta ameaça do delegado. Segundo a Polícia Civil, Lages foi ao presídio para tomar o depoimento de Curicica, mas ele não quis falar.

Leia a transcrição das conversas divulgadas nesse domingo (13)

Telefonema 1

Homem: "Uns bandidos lá mataram um amigo nosso. Você podia dar um toque no pessoal do 31 pra ficar de olho. Se botar uma blitz ali, vai pegar".

Siciliano: "Vou mandar botar agora. Na volta eu passo aí. Beijo."

Homem: "Tá bom. Beijo. Fica com Deus."

Siciliano: "Te amo, irmão."

Telefonema 2

Siciliano: "O garoto ia começar a fazer o projeto lá hoje. Aí o rapaz falou: 'Não. Não vai fazer nada, não."

Homem: "Não, pode ir."

Siciliano: "Eu posso ir atrá lá da pessoa pra resolver no teu nome?"

Homem: "Pode. Vou te mandar o telefone aqui."

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